Um grupo de crianças e jovens sentados numa colcha e muito atentos a uma história que estava sendo contada chamou a atenção de quem passou pela Praça São José no dia 12 de janeiro. Risadas e perguntas colaboravam para atrair olhares curiosos que, aos poucos, foram se juntando ao animado grupo. O encontro, chamado de “árvore dos livros”, marcava o início de um projeto de incentivo à leitura na comunidade, com encontros periódicos para contação de histórias e a criação de uma biblioteca livre.

Participante da Rede Social de Angico dos Dias, a professora Jorene Soares Barbosa Rocha é uma das coordenadoras da iniciativa. “Não sei quem está se divertindo mais com os encontros, as crianças que participam ou nós na organização. Estamos entusiasmados!”, diz Jorene. Nesta entrevista, ela fala mais sobre este projeto que, mesmo no início, já vem mobilizando a comunidade.

Jorene

De que maneira surgiu a ideia do projeto?
A Rede Social trabalha com o intuito de identificar problemas que afetam a comunidade e buscar soluções para resolvê-los. E eu, que sou professora de língua portuguesa, posso afirmar que um deles é a dificuldade de leitura. Essa deficiência não acontece apenas na nossa comunidade, mas como um todo. Ainda mais com a chegada das novas tecnologias, o interesse pelos livros vem diminuindo. Por isso pensamos nessa iniciativa para incentivo à leitura e conversamos com o ILG sobre o que identificamos na comunidade e o que poderíamos fazer.

Como foi a primeira edição da “árvore de livros”?
Depois das conversas com o ILG, a Gabriela [Azevedo de Aguiar, Gerente de Desenvolvimento Comunitário do Instituto Lina Galvani] trouxe a doação de livros, selecionamos alguns deles para o primeiro encontro, nos reunimos e então, ela começou a contação de histórias. O local escolhido foi a Praça São José, construída pela própria comunidade, o que tornou tudo ainda mais especial. As histórias eram voltadas para o público infantil, mas, além das crianças, jovens e adultos se aproximaram para ouvi-las.

E a recepção foi boa?
Nossa, a empolgação foi geral! Agora, todos os domingos as crianças já se organizam. Se a gente não chega pontualmente, elas vão nos procurar onde estivermos para começar a contação de histórias. À medida que narramos, elas interagem, participam mesmo. E a escolha da praça como o local de encontro também é importante para elas. Num dos dias, falávamos sobre a história de uma formiga trabalhadora e perguntamos: “Quem é trabalhador igual à formiga?”. Um dos meninos respondeu: “Eu, porque eu ajudei a construir a praça.”. É um aprendizado que vai além do incentivo à leitura, pois sempre agregamos às histórias alguma lição de cidadania.

O sucesso da “árvore de leitura” as motivou mais ainda?
Exatamente. A gente está se organizando e estruturando. Nossa ideia é ampliar e diversificar cada vez mais esse projeto. No momento, nos reunimos durante a semana, distribuímos tarefas e decidimos que guloseima será levada no domingo, pois sempre há um quitute escolhido de acordo com a história que foi selecionada. Também estamos incluindo um pouco de teatro no programa. Não sei quem está se divertindo mais com os encontros, as crianças que participam ou nós na organização. Estamos entusiasmados!

E qual o próximo passo?
Estamos nos organizando para buscar parceiros para ajudar a gente no projeto. Temos o plano de conseguir mais livros e ter um lugar específico para guardar e organizar todos eles. O sonho é montar uma biblioteca, que serviria futuramente como um lugar de pesquisa e de realização de trabalhos escolares. Seria um espaço de estudo e cultura.

Jorene contando história na Praça São José - fev/2013

LER É NECESSÁRIO porque

  • informa saberes
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  • sopra o pó da mesmice
  • responde perguntas
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LER É FUNDAMENTAL porque

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Fonte: Trecho do artigo Por que ler?, de Edson Gabriel Garcia, educador e escritor, publicado no site da Fundação Bunge.