Ministrado pelo Instituto Socioambiental (ISA), o treinamento integra a Campanha LEM APP 100% Legal, em Luis Eduardo Magalhães, e capacitou neste primeiro módulo cerca de 30 profissionais, que voltam a se encontrar em dezembro para executar projetos de recuperação de áreas degradadas no cerrado baiano.

O Curso de Técnicas em Restauração Ecológica de Áreas Degradadas capacitou durante três dias – entre 8 e 10 de novembro – cerca de 30 profissionais com o objetivo de disseminar técnicas de recuperação de áreas degradadas como forma de apoiar as ações da Campanha LEM APP 100% Legal, que tem a realização da Prefeitura de Luis Eduardo Magalhães, do Instituto Lina Galvani e da Conservação Internacional (CI-Brasil), com a parceria da Monsanto.

Depois do primeiro módulo, os integrantes devem participar de outros dois – que acontecerão ainda no início de dezembro e em maio de 2012. As aulas, ministradas pelo Instituto Socioambiental (ISA), contou com aulas teóricas e práticas, que iniciaram a preparação para implementar uma metodologia para recuperar áreas degradadas para o Cerrado baiano.

O programa do treinamento prevê que os selecionados consigam manejar ao fim do curso a recuperação de vegetação nativa nas condições de clima e solo da região, sendo que os três módulos também representam os estágios de diagnóstico, execução e avaliação das áreas que serão recuperadas. As áreas que serão selecionadas representam situações ambientais nas APPs da região e que farão parte do Programa APP 100% Legal.

Situada a 20 Km da sede de Luis Eduardo Magalhães, a Fazenda Liberdade já está inserida na Campanha APP 100% Legal, e foi um dos locais onde ocorreu o treinamento na prática. O proprietário da Fazenda Liberdade, Vilson Gatto, gostou da ação. “A Campanha LEM APP 100% Legal é de extrema importância para os agricultores se conscientizarem que têm que preservar a natureza, rios e veredas. Achei bem interessante essa prática na nossa propriedade porque se der certo, poderá servir para outras fazendas fazerem o reflorestamento da APP”, afirma.

Com o diagnóstico no local, a Fazenda Liberdade será pioneira no oeste baiano a utilizar a técnica do plantio mecanizado por meio da utilização da muvuca de semente, desenvolvida pelo Instituto Socioambiental junto a produtores rurais na Bacia do Xingu, onde foram apoiadas a restauração de 2,4 mil hectares de nascentes e beiras de rios em cerca de 215 propriedades. Segundo Eduardo Malta Campos Filho, técnico em restauração florestal do Instituto Socioambiental (ISA), responsável pelo treinamento, esta técnica pode diminuir em até três vezes os custos se comparados ao tradicional plantio de mudas. “Para escolher a técnica a ser utilizada é preciso definir no diagnóstico a situação de degradação da área, os recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis e a velocidade que se deseja recuperar a área”, afirma.

Inovação – Os técnicos também ficaram empolgados na disseminação da nova técnica, e adaptando para as condições do cerrado. É o caso da assessora técnica da Secretaria de Meio Ambiente de Barreiras, a engenheira agrônoma Rosângela Knupp, que entende que o curso será um divisor de águas para a restauração florestal da região, ao mesmo tempo que será um desafio para os profissionais , que devem adaptá-las às condições da região. “Não existe uma receita, já que o solo, clima e as condições ambientais e as relações sociais são diferentes do Xingu, e temos que ter condições de experimentar e apoiar os proprietários rurais da região”, acredita.

Para o biólogo Felipe Sofiati, da Secretaria de Meio Ambiente de Formosa do Rio Preto, ressalta a importante troca de experiências entre os profissionais do poder público, associações de produtores, e institutos de pesquisa que participaram do curso. “Voltamos aos nossos trabalhos como consultores e técnicos ambientais preparados para apoiar produtores, e mostrar que a recuperação é possível”, anima-se.

Segundo a secretária de meio ambiente do município de Luis Eduardo Magalhães, Fernanda Aguiar, o primeiro passo já foi alcançado com a Campanha APP 100% Legal, ao iniciar a capacitação dos profissionais da região, e o desenvolvimento de uma rede de coletores de semente para que as técnicas de recuperação de áreas degradadas como a muvuca e o plantio de mudas possam ser implementadas. “O município de Luis Eduardo por meio do Fundo de Meio Ambiente vai remunerar os coletores de sementes o que também vai trazer geração de renda para as comunidades tradicionais, e a formação de uma rede, que precisa se expandir para outros municípios da região”, acredita.