Por Kaio Nunes*

Em 2013, quando o Instituto Lina Galvani completou 10 anos de existência, fez-se uma pergunta à Dona Lina Galvani, matriarca da família e inspiração para a atuação do Instituto, que naquela época fazia 100 anos: Quais são os seus principais valores?

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Foto: Sergio Caddah (www.caddah.com)

Desta pergunta nasceu as “5 lições da Dona Lina”, que se transformou em um texto do blog (leia aqui) e um vídeo institucional (assista).

Neste ano a matriarca, que possui 103 anos, recebeu a visita da atual equipe do Instituto, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, para um bate papo e continuar com seus ensinamentos e inspirando o time para suas atividades nas comunidades.

“Dona Lina, como era a atuação dos jovens quando a senhora tinha seus 15 / 20 anos? Eles participavam ativamente ou não das ações de melhorias para a comunidade?”, pergunta José Filho, nosso agente local em Angico dos Dias (BA), via vídeo enviado, iniciando, assim, a nossa conversa.

Ela, sentada no sofá assistindo ao vídeo na presença de todos, relembra: “no meu tempo, participavam de tudo e faziam muitas visitas aos que estavam precisando”.

Dona Lina, muito saudosista, fala da ajuda mutua que havia, “todo mundo ajudava um ao outro. Quando a gente via que a pessoa precisava, aí a gente ajudava, ajudava bastante” e completa “ajudávamos com muito amor e muito carinho. E não era só eu, naquele tempo éramos todos assim”.

Mesmo recordando do seu passado com carinho, ela revela que vê muitos pontos positivos na atualidade, principalmente nas melhorias da medicina. E sente que isso é resultado do passar dos anos e da mudança nas pessoas, porém, há valores e ensinamentos que precisam ser passadas a diante. “A geração não pode ficar uma só, tem que ir mudando. O que a gente recebeu de bom temos que passar. Passei tudo pros meus filhos, netos…”.

Uma mulher muito religiosa, ela sempre fala que “temos que acreditar, temos que ter fé nas coisas”. E ela reforça uma das suas cinco lições: “as pessoas também precisam se ajudar, não só pedir. É igual a pessoa que fica doente, o médico é muito bom, te dá remédio, ensina você a tomar os medicamentos, mas se você não se ajudar, você sara depressa? Não sara. Precisa o doente se ajudar”.

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A conversa foi embalada por vídeos enviados pelos nossos agentes locais de pessoas das comunidades de Angico dos Dias (BA) e Serra do Salitre (MG). Um dos vídeos foi de Cícera, participante do grupo Diversão Não Tem Idade, que enviou uma mensagem cheia de carinho e agradecimentos. Após Cecília Galvani, diretora executiva do Instituto e neta de Lina, explicar a ela sobre o grupo, Dona Lina solta uma risada e diz: “diversão não tem idade mesmo” e todos caímos na risada com ela. “As pessoas não podem se entregar, de jeito nenhum. Eu estou com esta idade e ainda não me entreguei. Eu gosto de me mexer, de fazer e inventar as coisas para fazer”, completa a matriarca.

A outra pergunta foi feita pelo Rafael Art, analista de projetos do Instituto: “Dona Lina, qual a sua maior lição de vida?”. E ela responde prontamente: “a gente sempre precisa esperar pro dia seguinte, um dia acaba e vem um outro dia tão bom!”.

Ela completa lembrando de um ensinamento de sua mãe: “minha mãe sempre falava: ‘os problemas de hoje não têm importância nenhuma, amanhã está tudo diferente’. E é verdade, quando chegava no outro dia parecia que amanhecia tudo mais alegre, com mais facilidade de fazer as coisas” e completa “não pode se desesperar, precisamos ter muita paciência”.

Ajudar de forma sincera e amorosa, ser paciente e acreditar nas coisas. Essas são mais três lições de Dona Lina nos deixa. Outras podem vir por aí, Dona Lina irá completar 104 anos dia 7 de janeiro.

“É tudo isso que tem de bom!”, termina Dona Lina.

Equipe do Instituto junto à Dona Lina e sua milha mais velha, Elizete Galvani

Equipe do Instituto junto à Dona Lina e sua milha mais velha, Elizete Galvani

* Kaio Nunes é formado em jornalismo e trabalha há um ano e meio na área de comunicação institucional do Instituto Lina Galvani.