por Marina Pessoa*

Juninho - jan/2012

No dia 12 de dezembro de 2010, nasceu o primeiro filhote de Bugio do criadouro conservacionista do Parque Fioravante Galvani. Filho do casal Florinda e Frederico, o macaquinho recebeu o nome de Frederico Júnior, o Juninho. Para muitos, um nome sem muita criatividade, mas para a equipe do PFG, um nome com bastante significado.

O pequeno filhote de bugio, com pouco mais de 10 dias, foi abandonado pela mãe, “marinheira de primeira viagem”. Isso já aconteceu com outros animais de cativeiro no mundo todo e principalmente com primatas, mas não se sabe ao certo porquê.  Diante desse situação, o pai do Juninho, também nascido em cativeiro, tentou colocar o filho sob a mãe para que essa pudesse alimentá-lo, mas essa nem quis saber dele. Sendo assim, foi necessário que a equipe técnica do PFG interviesse, pois, por se tratar de um mamífero,necessitava de leite e cuidados maternos, sendo bastante dependente da mãe. E como ele já estava a algumas horas afastado dela, sem se alimentar, poderia ficar fraco e morrer em pouco tempo. Apesar de arriscado, o macaquinho, sem nome ainda, foi retirado do recinto pelos técnicos e levado até o ambulatório veterinário onde recebeu todos os cuidados necessários e alimentação artificial.

Optamos por nomeá-lo de Frederico Junior, pelos cuidados que o pai teve com ele ao ser abandonado pela mãe. Sabíamos que a responsabilidade de cuidar de um filhote tão pequeno e indefeso iria ser grande, mas assumimos o compromisso com aquele pequeno ser. Os mamíferos quando filhotes necessitam se alimentar a cada 2 horas e com leite. O primeiro desafio foi elaborar um sucedâneo de leite de primata não-humano, no qual ele se adaptasse bem e não causasse nenhum transtorno intestinal. Em contato com outros técnicos que já obtiveram sucesso na criação de primatas conseguimos achar esse alimento: leite em pó para humanos de 1 a 3 meses de idade, acrescido de suplementos vitamínicos.

O Juninho, além de tomar mamadeira a cada 2 horas, necessitava também de um local aquecido e alguma coisa que ele pudesse abraçar, já que os primatas quando filhotes ficam presos as costas da mãe. Assim, colocamo-lo numa caixa de madeira adaptada e com alguns panos e um ursinho de pelúcia. Depois veio o revezamento entre técnicos, bióloga e veterinária para cuidados noturnos com o animal, já que ele necessitava mamar também à noite. Foram dias dormindo pouco e acordando de madrugada para dar mamadeira ao filhote, como se fosse um bebê. Além das mamadas, começaram as cólicas por conta da nutrição (o leite) não ser exatamente o que ele precisava.

Em meio a todos esses problemas e cuidados, o Juninho cresceu e se tornou um macaco bugio jovem, já com a coloração mudando de filhote para adulto – nessa espécie ocorre um fenômeno chamado de dicromatismo sexual, onde o macho quando adulto tem uma coloração diferente da fêmea, sendo o macho preto e a fêmea caramelo.

Hoje, sua alimentação é a base de ração de primatas, frutas, verduras e bastante folhas, pois esta espécie possui uma predileção por folhas, correspondendo a 60% da composição da sua dieta na natureza.

 Assim, aos dois anos de idade, grande, forte e bastante esperto, o Juninho se consagrou o mascote do PFG. Sua história mostra o quão importante é o papel do veterinário juntamente ao do biólogo na conservação das espécies, além de ser um exemplo de que quando unimos forças e cuidados, sempre conseguimos sucesso.

Marina Pessoa é a veterinária responsável pelo Criadouro Conservacionista do Parque Fioravante Galvani.

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Juninho em sua "casinha" improvisada - jun/2011

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