Como forma de mobilizar a população para a preservação da biodiversidade local, foi realizado na última sexta-feira, 2, o encerramento das atividades do Festival das Sementes, desenvolvido nos últimos três meses, com cerca de 150 estudantes e 15 professores de duas comunidades agrícolas – Bela Vista e Novo Paraná – de Luis Eduardo Magalhães. Neste período foram organizadas oficinas temáticas, palestras e visitas ao Parque Fioravante Galvani, que ajudaram os professores a contextualizarem os temas sobre o Cerrado onde vivem e assim desenvolver atividades práticas com seus alunos que evidenciassem a preocupação com a preservação e recuperação do cerrado do oeste da Bahia.

O Festival das Sementes surge como uma edição de uma experiência de sucesso realizada em Canarana, no Mato Grosso, pela Prefeitura local e parceiros. E no oeste baiano integra as ações de educação ambiental da Campanha LEM APP 100% Legal, que tem a realização da Prefeitura de Luis Eduardo Magalhães, Instituto Lina Galvani e Conservação Internacional e a parceria da Monsanto, cujo objetivo é incentivar produtores rurais a recuperar a vegetação nativa à beira de rios, nascentes, veredas, e topos de morro, e com isto manter 100% das APPs do município preservadas.

Durante o encerramento os estudantes apresentaram suas produções, que se utilizaram das mais variadas expressões artísticas, como teatro, artes plásticas, música, além de jogos educativos. Com as mãos na terra, eles também plantaram mudas nativas do cerrado e aprenderam técnicas de coletas de sementes.

O Festival nasceu na perspectiva de ampliar as ações de cidadania dos educadores e educandos das escolas de Luis Eduardo Magalhães através da ferramenta de valorização e coleta de sementes nativas, estimular o conhecimento e a valorização das espécies das espécies do cerrado local e promover o debate sobre a importância das APPs para a manutenção da biodiversidade local.

A professora da escola São Paulo, Cleni Salete Rosseto, ficou orgulhosa dos estudantes da comunidade Novo Paraná, que fizeram produções textuais, estórias em quadrinho e pinturas em tela, e acredita que o projeto ajuda a contextualizar a vivência cotidiana e dimensionar melhor o conhecimento relacionado ao bioma, vegetação e rios da região. “Eles puderam conhecer melhor os nomes das espécies nativas de árvores e sementes, e da fauna da região, o que ajuda a dar sentido e importância à própria realidade deles”, explica.

Segundo a coordenadora da escola Fábio Johner, Ana Maria dos Santos, o Festival das Sementes trouxe outra visão não apenas para a escola, mas para a comunidade Bela Vista, localizada entre as principais propriedades agrícolas de Luis Eduardo Magalhães. “É uma forma dos alunos terem uma percepção e analisarem a relação entre a produção agrícola e a preservação do meio ambiente”, afirma.

Na opinião da estudante da escola Fábio Johner, Tamara Gabriele Muller, 13, que cursa a 8ª série do ensino fundamental, produziu uma maquete que exemplifica a importância natural da vegetação das APPs para os rios da região. “Hoje eu sei para que serve a vegetação destas áreas, e o quanto é importante preservar para manter os rios vivos”, afirma.

Aderlei Dalton Tlocksch, 13, também da escola Fábio Johner, participou de uma apresentação teatral sobre os problemas decorrentes da destruição das vegetação das APPs. “Gostei principalmente das atividades práticas como visitas ao viveiro, plantio de mudas de espécies nativas e de sementes na comunidade”, afirma.

Para a coordenadora de educação ambiental do Parque Fioravante Galvani, Márcia Xavier, o projeto modificou a maneira como os estudantes veem o cerrado. “Se antes era visto como um simples e sem graça conjunto de árvores e animais, agora é visto na sua complexidade. Agora os estudantes são capazes de perceber a importância do bioma e principalmente das APPs”, afirma.