O 2º encontro “Desenvolvimento de Comunidades Impactadas por Grandes Empreendimentos”, organizado pelos Instituto Lina Galvani em parceria com o Bloco Brasil da RedEAmerica (veja a reportagem), reuniu, em São Paulo, representantes de empresas, institutos e comunidades e promoveu o diálogo entre esses atores. Depois de dois dias de conversas e troca de experiências, ampliaram-se as visões sobre o desenvolvimento comunitário. Os participantes ganharam novos subsídios para fortalecer sua atuação nesse setor. Para representá-los, nessa edição especial do Frutos conversamos com cinco deles sobre suas impressões relacionadas ao Encontro.

Cecília Galvani – Diretora-Executiva do ILG

Objetivo
“A intenção do evento foi promover um espaço de encontro, de troca e de diálogo entre diferentes atores envolvidos com a temática do desenvolvimento de comunidades impactadas por grandes empreendimentos. E fazer isso tendo o diferencial da presença das lideranças, que foi um público que a gente sentiu muita falta no primeiro encontro, realizado em 2013. Partimos da crença de posturas colaborativas frente aos desafios, da necessidade de articulação, do fazer junto e de trocar experiências. Então, tinha a intenção desse recorte: como a gente consegue trazer a temática da colaboração também, agregando e contribuindo para legados cada vez mais sustentáveis?”.

Resultados
“Acredito que um dos resultados mais importantes foi a sensibilização para a postura colaborativa. O próprio encontro, a troca de experiências, a realização de novos vínculos entre as pessoas e atores, a vontade de continuar com a proposta de criação de uma plataforma. Acho que isso deve trazer impactos para a prática, porque pode, inclusive, gerar parcerias para alguma ação. Isso traz um ganho para a ação em si e para o trabalho diretamente no território, que é o nosso fim”.

Paula Contim – Coordenadora de Sustentabilidade da Natura

Construção Coletiva
“Eu achei o encontro muito produtivo. Gostei muito do formato, bem diferente dos eventos tradicionais. Foi um encontro de um aprendizado compartilhado, uma troca bem constante. O que também me marcou muito foi o entendimento dos diferentes cenários de cada agente que estava ali representado – a comunidade, os institutos e fundações, os agentes locais, as empresas e o público em geral. Foi um momento de empatia para cada um dos diferentes estilos de trabalho; com os desafios, sentimentos e aspirações de cada um desses grupos e, ao mesmo tempo, um momento de encontrar muita sinergia entre todos nós”.

Intenção
“Num primeiro momento, o encontro teve a intenção de trazer a importância do desenvolvimento local compartilhado numa comunidade para todos os que trabalham com ele. Num segundo momento, mostrou a evolução que essa área tem tido e que há mais pessoas interessadas no tema, o que é muito importante. O terceiro objetivo é a promoção do networking e troca de experiências para que, a partir desse evento, a discussão não morra. A expectativa é que consigamos seguir em contato com as diferentes áreas e a conversa se perpetue”.

Ana Beatriz Roth – Superintendente da Fundação Otacílio Coser e Coordenadora do Bloco Brasil da RedEAmerica

Vozes
“A meu ver, esse evento teve o objetivo de trazer várias gamas de vozes – empresários, instituições, equipes de coordenação, comunidades. E cada um desses diversos atores com uma lente e um jeito de olhar, de forma a poder construir discursos mais alinhados entre eles. E eu achei que a dinâmica proposta e a forma de conduzir foi muito feliz, porque criou, de fato, um espaço de segurança para que todos esses atores que poderiam estar em posições desconfortáveis e de defesa – fechados ou reativos – pudessem se expor sem se sentirem ameaçados”.

Conteúdo Relevante
“Entre os conteúdos tratados, lembro de uma questão levantada em um dos grupos de discussão: é preciso tomarmos cuidado para não pasteurizar tudo, pois a riqueza da diversidade é ser diverso e diferente. Isso, para mim, é muito importante, pois tenho muito medo do consenso e da pasteurização. Eu acho que ela oculta os conflitos e eles não são um problema. A questão é como se lida com os conflitos e as diferenças e ter um espaço de segurança para que as coisas se coloquem e se chegue a um meio de campo razoável. As diferenças são importantes, não precisam ser anuladas. Esse tema foi um dos que mais me marcou em tudo o que foi discutido”.

Madalena Cabral – Gerente de Responsabilidade Social da Holcim e do Instituto Holcim

Troca de Experiências
“Eu acho, sinceramente, que as discussões foram muito importantes, bem como a rede que foi formada. No evento, estavam presentes pessoas de todas as áreas, então pudemos escutar e entender como é que esses setores estão articulados. O tema da política pública muito presente é um que temos que reforçar bastante. Uma frase que ficou na minha cabeça foi: ‘Não tem desenvolvimento sem poder público, sem governo, na verdade, porque poder público somos todos nós’. Essa temática deve ser reforçada principalmente para as organizações de base.  Entender o quanto elas são representantes da sociedade civil e a força que a sociedade tem ou pode ter para realmente trazer transformação. Então, essa discussão, com a participação de pessoas que são de localidades e de realidades diferentes, e já com alguns resultados na troca de experiências, foi, para mim, um resultado bastante positivo”.

João Manoel Ribeiro dos Santos – Líder comunitário em Vila Velha (ES), ligado a projetos da Fundação Otacílio Coser

Participação
“Achei que foi muito importante a integração das pessoas. Vimos que no encontro havia empresários, agentes comunitários, fundações, todos juntos. Outro fator interessante foi que, além de aprender muitas coisas, também tivemos a oportunidade de ensinar outras tantas e falar dos trabalhos comunitários. Nós, as lideranças das comunidades, recebemos as fundações e as empresas no segundo dia, o que também foi muito importante. Igualdade e a democracia é isso:  a participação de todo mundo junto. E ali houve uma boa troca de experiências.”