À frente do Instituto Lina Galvani desde sua fundação, em 2003, Cecília Galvani fala da evolução do Desenvolvimento Comunitário no mundo e da forma como o ILG tem contribuído para isso, exemplificando com as principais conquistas de 2012 e alguns planos para 2013.

Como você enxerga o Desenvolvimento Comunitário no mundo de hoje?
Cecília: Quando falamos em DC (Desenvolvimento Comunitário) a gente está tratando, necessariamente, de uma mudança de paradigma de um modelo assistencialista, que foca na falta e que gera dependência, pra um modelo que aposta no protagonismo de pessoas e comunidades. Dessa forma, é importante que vejamos o DC sob o prisma de fortalecimento dessas pessoas e de seus vínculos e que tenhamos uma visão de longo prazo, valorizando o processo tanto quanto os resultados. Esses temas já vêm sendo praticado e debatido por muitas pessoas e organizações que trabalham na área, mas ainda encontramos resistência uma vez que estamos falando de uma mudança cultural e de uma nova perspectiva, a sistêmica. 

Dentro deste contexto, como tem sido o trabalho do ILG?
Cecília:
A gente tem se dedicado cada vez mais a mediar e fomentar esse desenvolvimento, investindo na construção de vínculos saudáveis entre os atores e potencializando o desenvolvimento de propósitos e iniciativas comuns. E sempre cuidando para que sejam realizados de maneira democrática e participativa.
Porque ao longo desses anos a gente aprendeu que quanto mais gente envolvida no processo, melhor. Mais informação circulando e mais ferramentas para lidar com os desafios. Nesse sentido, a diversidade – de todas as formas, também é bem vinda.

Em sua opinião, quais foram as principais conquistas do ILG em 2012?
Cecília:
Destacaria como principais conquistas a ampliação das redes de colaboração e o fortalecimento dos vínculos entre os envolvidos. Um exemplo de ampliação dessa rede de colaboração é o que a gente vem desenvolvendo em Betel (Paulínia/SP). Quando iniciamos o trabalho com a AMBAP (Associação de Moradores de Betel e Alvorada Parque) em 2009, eles contavam apenas com a parceria da empresa Galvani; hoje já estão com 22 empresas e 9 voluntários envolvidos e contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do projeto Viva Betel. Isso fortalece não só a atuação da associação, mas os vínculos comunitários, trazendo, conseqüentemente, a melhora da qualidade de vida. Outro exemplo é a Rede Social de Angico, com apenas 1 ano de formação já está com 44 membros e 6 projetos em andamento. Esse movimento iniciado com a criação de uma associação de moradores (AMPARE) e com um diálogo freqüente com a municipalidade e empresas privadas, já trouxe muitas melhorias para a localidade. Em 2012 destacaria a implantação de 53 cisternas para captação de água de chuva – que, em se tratando de uma região pertencente ao polígono da seca é de suma importância – e o princípio de uma inclusão digital com a chegada de uma escola de informática e implantação de um Centro Digital.

Quais são as perspectivas para 2013?
Cecília: 2013 vai ser muito especial para o ILG, porque ele completa 10 anos de existência. 10 anos dedicados ao desenvolvendo de pessoas e comunidades, 10 anos de histórias de transformação, 10 anos acreditando no potencial das pessoas e na força do coletivo e 10 anos de aprendizados.
E pra comemorar tudo isso, a gente está programando um evento que deve contar com a presença de pessoas e organizações que também vêm fazendo história e pensando o DC.
Vai ser também um momento de consolidação da experiência desenvolvida ao longo desses anos e início de um novo ciclo em parceria com a área de sustentabilidade da Galvani (recém criada).
E em 2013 não é só o ILG que faz aniversário, mas a D. Lina Galvani também, completando 100 anos. Mais um motivo para comemorar e inspiração de sobra para, no mínimo, os próximos 10.