Ediva Alves Bastos, mais conhecida como D. Minininha, tem 68 anos, nasceu, sempre morou e constitui uma família de quatorze filhos no povoado de Angico dos Dias. Ela sempre participou das iniciativas do ILG na região, e hoje, integra a Rede Social de Angico, Peixe e Região. Em 2009, quando o ILG começou seus trabalhos na localidade, D. Minininha protagonizou um vídeo relatando os problemas que enfrentava em sua casa, pelo fato da rua não ser calçada. Hoje, ela fala sobre a conquista do calçamento, a importância do trabalho da Rede e faz um apelo aos jovens.

D. Minininha e o marido a caminho do uma roda de conversa com o ILG - fev/2011

Em sua opinião, qual é a importância da Rede Social para Angico?
É muito importante. Eu sempre digo assim: com a minha pouca sabedoria, se eu tivesse tido essas informações (referindo-se ao que aprende na Rede) há uns anos atrás, hoje eu me sentiria melhor porque estaria mais por dentro, tinha boa memória pra ter aprendido alguma coisa. Agora não, com a idade que eu tô não dá. Ainda bem que ainda tem pessoas novas, inteligentes por aqui, que podem resolver os problemas.

Independente da idade, a senhora contribui muito com a Rede. Conte-nos como é a sua participação.
Eu participo! (fala com um sorriso) Eu participo mais pra ouvir os que entendem mais. Às vezes eu falo alguma coisa, dou uma opinião, como no calçamento mesmo, eu dei muita opinião. Eu falo porque tenho alguma experiência, né?

Entre os projetos que a rede está trabalhando, em qual está envolvida? Por que escolheu participar deste projeto?
Os projetos dos cursos de capacitação e da internet. Eu escolhi não foi tanto por mim, mas pensando no bem-estar dos outros. O que eu não tive de oportunidade, eu desejo para os jovens de agora.

Uma das melhorias que a ação da comunidade trouxe para o povoado foi o calçamento, como isso melhorou a vida da senhora?
Na época em que o ILG fez o vídeo (2009), me perguntaram como a gente se sentia de estar morando ali. Era muito buraco mesmo, era muito difícil. Quando a água vinha, ela vinha diretamente pra minha porta, eu pensava assim: “vou morrer, vou morrer afogada!”, tinha medo de dormir e não acordar por causa da água, era muita água! Também quando era na época da seca, entrava aquela poeira também toda pra dentro de minha casa, quando era de manhãzinha, eu podia escrever o que eu quisesse em cima da mesa, que dava pra ler. Aí, graças a Deus, apareceu o calçamento através de muita luta! Essa luta já era uma vontade antiga da população, que passou a ter força nas rodas de conversa com o ILG. As rodas foram crescendo, e foi melhorando. Hoje, a porta da minha casa está calçada. Agora não tenho mais a preocupação de morrer afogada! As meninas ficam até me aperreando, você foi dizer que ia morrer afogada, agora a chuva acabou, fez a oração errada! Agora Deus tem que nos abençoar para que a chuva venha, e quando ela vier, eu estou despreocupada, este problema não tenho mais.

Deixe um recado para os moradores de Angico.
Eu sinto uma falta muito grande por algumas pessoas não procurarem participar da Rede. É uma coisa muito boa e as pessoas não estão procurando se informar. Eu estou com essa idade, mas sempre que os meninos avisam que tem reunião, eu participo porque é uma coisa de muito valor, muito boa. Então, eu deixo mesmo esse recado para o pessoal, principalmente para os jovens, que tem mais força de vontade: por que não participam?