O Instituto Lina Galvani é um dos mais novos membros da RedEAmérica, uma das principais referências no continente em Investimento Social Privado e Desenvolvimento de Base. A entidade reúne 78 organizações de origem empresarial de 11 países da América Latina e seu objetivo é encontrar respostas transformadoras e sustentáveis a partir do Desenvolvimento de Base para contribuir com a redução da pobreza, a inclusão e o aprofundamento da democracia na região. “A Rede foca na geração de conhecimento para que os membros tenham intervenções cada vez mais efetivas, para que trabalhem alianças e incidam nas políticas públicas e na agenda do setor privado”, diz Margareth Flórez, Diretora Executiva da RedEAMérica. Para marcar a entrada do ILG na Rede, conversamos com Margareth sobre os objetivos e a atuação da entidade. Confira!

Margareth Flórez, Diretora Executiva da RedEAmerica

Que elementos fazem o Desenvolvimento de Base ser a chave para a redução da pobreza e para a inclusão?

Para a RedEAmérica, a pobreza não se expressa somente através da carência de dinheiro, bens e serviços. Também é um problema associado à falta de capacidades (informação, conhecimento e habilidades), voz e vínculos das comunidades em condições de pobreza, para buscar e aproveitar as oportunidades, para influenciar nas decisões públicas, para decidir sobre seu próprio destino.

A essência do enfoque no Desenvolvimento de Base é o fortalecimento das capacidades de ação coletiva, voz e vínculos dos cidadãos mais pobres, e a criação de um ambiente institucional propício que facilite a participação de suas organizações na deliberação pública, de maneira que possam influir nas decisões que afetam suas vidas e serem protagonistas de seu desenvolvimento. Cremos que esse é o investimento social privado que pode gerar resultados mais transformadores e sustentáveis, porque ataca as causas da pobreza.

A RedEAmérica foi criada em 2002. Que mudanças vocês puderam observar desde a sua criação até hoje na visão que as empresas desenvolveram com relação ao investimento social privado e a responsabilidade social empresarial (RSE)?

Em 12 anos, o investimento social privado (ISP) cresceu e se fortaleceu na região. Hoje, na América Latina, ele se caracteriza por focar na causa mais que nas conseqüências, ser mais profissional e estratégico. Também por estar mais orientado para os resultados ao incorporar a incidência nas políticas públicas e alianças como parte de suas estratégias e por estar preocupado com o impacto, a escala e a sustentabilidade. Além disso, por estar cada vez mais alinhado à estratégia corporativa das empresas às quais estão vinculadas.

Com relação a este último ponto, observamos que as empresas como “atores sociais” estão assumindo diretamente suas responsabilidades com a comunidade, ainda assim, as fundações-institutos empresariais estão cada vez mais próximas da empresa em sua estratégia de RSE e de Desenvolvimento Sustentável; e, de forma conexa às anteriores, observamos que o investimento social privado está cada vez mais ligado à estratégia corporativa. A evolução do conceito de RSE e de desenvolvimento sustentável, o enfoque do valor compartilhado e alguns fatores associados estão contribuindo para que isso ocorra. Essa tendência gera novas oportunidades e desafios.

Para a RedEAmérica, um dos desafios que temos à frente será contribuir para que as empresas (fundações-institutos) manejem as relações com a comunidade, mitiguem impactos negativos, potencializem os impactos positivos e assumam o investimento social privado com uma perspectiva de desenvolvimento sustentável nas comunidades, para construir empresas e comunidades sustentáveis, com enfoque no desenvolvimento de base.

Quais são os benefícios para as empresas que fazem investimento social privado no desenvolvimento de base?

O investimento social privado em desenvolvimento de base é um processo de benefícios mútuos. Na medida em que uma empresa ajuda as comunidades a se desenvolver de uma maneira sustentável, está colaborando para o êxito do seu próprio negócio a longo prazo.

Os benefícios para as empresas podem incluir um entorno sadio e próspero para o desenvolvimento do negócio; melhora da reputação e confiança entre comunidade, governo e outros grupos de interesse; acesso mais ágil a recursos; melhora nas relações com as organizações locais, as comunidades e o governo; resolução ágil de conflitos; incorporação e retenção de talento humano qualificado, entre outros.

Como RedEAmérica vê a entrada do ILG na Rede?

O Instituto Lina Galvani tem uma grande afinidade na sua natureza e ações com o grupo de membros da RedEAmérica. Sua origem é empresarial, faz investimento social privado e seu trabalho é bastante alinhado com os conceitos e práticas de desenvolvimento de base.

O ILG incorporou na sua ação várias estratégias que concordam com os princípios da RedEAmérica, tais como o estímulo à criação de alianças com organizações civis, privadas e públicas; o fortalecimento das capacidades individuais e coletivas; e a realização de diagnósticos participativos. Além disso, promove vínculos entre as organizações da comunidade e outros atores e compartilha com elas a administração dos recursos orientados a iniciativas de desenvolvimento.

A Rede será fortalecida com a participação do ILG, por contar com uma organização de destaque no campo do investimento social privado no Brasil, que conta com metodologias próprias relevantes e tem mostrado interesse e compromisso com a implementação do enfoque de desenvolvimento de base.

Como é a participação, no geral, das organizações brasileiras na RedEAmérica?

O Bloco do Brasil é um dos mais destacados da RedEAmérica, tanto por sua composição quanto por seu dinamismo. Além disso, contribuiu enormemente para a consolidação da RedEAmérica.

Os integrantes do Bloco do Brasil são: Ação Comunitária do Brasil; Fundação Aperam Acesita; Fundação Francisco Xavier Kunst; Fundação Otacílio Coser; Natura Cosméticos S.A. E os Institutos Arcor Brasil, Camargo Correa, BI&P de Sustentabilidade, Holcim Brasil, Lina Galvani, Votorantim e Cidadania Empresarial- ICE.

Ao longo dos anos, o Bloco realizou diversas atividades para o intercâmbio de aprendizagens e experiências, fortalecimento de vínculos de cooperação e trabalho em alianças. E também para atrair novas organizações brasileiras para o Bloco e a Rede. Somado a isso, tem liderado iniciativas e grupos temáticos de afinidade na Rede em nível regional. Sua contribuição é muito expressiva.

Dada a relevância do Brasil, tanto no que se refere ao tamanho e importância do setor empresarial, como nos temas de investimento social privado, queremos que o Bloco brasileiro da RedEAmérica siga crescendo e se consolidando e reflita no interior da Rede o real potencial que o país tem. Dessa forma, convidamos outras organizações que fazem investimento social privado a conhecer a RedEAmérica e a somar-se a esta iniciativa. Para mais informações, confira o nosso relatório anual.