O ano era 2003. O desafio: trabalhar o desenvolvimento comunitário tendo como alicerce os valores de Dona Lina Galvani. Sua neta, Cecília Galvani, aceitou a incumbência e deu as bases para a criação do instituto que leva o nome da matriarca. Hoje, exatos 15 anos após aquela data, nossas ações lançam sementes e colhem frutos em diferentes localidades Brasil afora.
De Campo Alegre de Lourdes e Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, a Serra do Salitre, em Minas Gerais, passando pela comunidade do Jaguaré, em São Paulo, além de outras cidades, congressos e eventos nacionais e no exterior, o Instituto Lina Galvani finca a bandeira do desenvolvimento comunitário. Sempre acreditando no potencial das pessoas e na força do coletivo, tal como defende Dona Lina Galvani, hoje com 105 anos.
Para recordar parte dessa história, conversamos com Cecília, que ficou à frente do Instituto até o final de 2017. Ela elegeu os momentos que considera mais significativos na trajetória do Instituto. E o futuro? Para descobrir o que nos reserva os próximos anos, também falamos com Ricardo Mastroti, que assumiu recentemente a direção executiva do Instituto. Viaje com a gente por essa linha do tempo do nosso passado, presente e futuro!
2005 – O projeto pioneiro
Lembro com carinho do Cozinheiro Cidadão, o primeiro projeto que desenvolvemos desde a idealização até o seu ápice, quando tivemos a oportunidade de levar um dos nossos alunos para um congresso da Organização das Nações Unidas (ONU) representando uma das Metas do Milênio. Foi um projeto que nos trouxe muitos aprendizados, como o processo de articulação e de identificação de parceiros.
2006 – Educação ambiental
Nesse ano, inauguramos o Parque Fioravante Galvani, hoje chamado de Vida Cerrado, o primeiro e até hoje único centro de conservação e educação ambiental do Cerrado baiano que, por meio de ações educativas e continuadas, colabora com o desenvolvimento socioambiental da região de Luís Eduardo Magalhães.
2008 – Foco desenvolvimento comunitário
Aqui começamos a sistematizar os aprendizados que tivemos durante todos os anos de atuação e chegamos à conclusão de que nossa missão principal era o desenvolvimento comunitário. Decidimos que todo e qualquer processo deve começar junto com a comunidade e não para a comunidade. Ressaltamos também em nossa atuação a importância do processo participativo com o máximo possível de transparência e participação.
Em 2008, fizemos o primeiro balanço do Instituto enquanto organização, redefinimos a missão com o desenvolvimento comunitário, e criamos o Conselho de Administração, uma instância super importante no Instituto.
2009 – Ampliando horizontes
É um ano-chave no qual expandimos nossa atuação para outras localidades. Essa ampliação trouxe consigo a proposta do Diagnóstico Participativo e dos encontros com base na Terapia Comunitária. Para entrar nos novos territórios, foi necessário desenvolver essa tecnologia. Aprendemos ainda mais a importância do diálogo, de criar espaços de participação nas localidades, de criar vínculos entre comunidade, empresa e Poder Público.
2013 – A metodologia do Instituto
No ano que comemoramos a primeira década de vida, decidimos sistematizar toda a experiência que conquistamos nos últimos anos com a aplicação da Terapia Comunitária e de práticas colaborativas e dialógicas associadas ao trabalho de criação de redes. Começamos a padronizar nossa metodologia e também começamos a desenhar nossos indicadores de impacto social. Organizamos nossas ideias e conhecimentos e conseguimos identificar uma sinergia com os ensinamentos e valores da Dona Lina Galvani.
2013 – Vamos conversar!
Realizamos em 2013 o encontro Comunidades Impactadas por Grandes Empreendimentos, que segue até hoje com o nome de Dialogando. A ideia foi reproduzir o que fazíamos nos territórios para essa comunidade à qual a gente pertence: os atores pares que trabalham com a temática do desenvolvimento territorial e comunitário. Assim como identificamos nas comunidades a falta de espaços de encontro, diálogo, participação e construção conjunta, sentimos que isso também ocorria no setor, por isso criamos o encontro.
2015 – Aprimorando a metodologia
Criamos a Caixa de Ferramentas de Avaliação de Impacto Social e desenvolvemos uma Roda de Conversa de Avaliação com base nos indicadores. Foi um momento importante de consolidação dessa ferramenta de avaliação de impacto. Também aportamos à metodologia bases da Investigação Apreciativa.
2018 – O papel do Instituto no presente
Analisando o Instituto Lina Galvani hoje, vejo uma organização que desde sempre se dispôs a inovar, criar novas ferramentas e novas maneiras de trabalhar, sempre com um caráter empreendedor e de mão na massa mesmo. Sempre tivemos essa característica de operar na ponta e desenvolver metodologia, tecnologias e ferramentas para executar isso. O Instituto Lina Galvani tem essa atitude provocativa, reflexiva, que vai além das nossas fronteiras.
2018-2020 – A caminho do Futuro
Como vão ser os próximos anos do Instituto? Ricardo Mastroti conta para nós as diretrizes que vão guiar esse caminho:
Diretriz 1 – Relacionamento com a empresa
O Instituto pretende se transformar em uma referência em inteligência social e estratégica para a empresa Galvani. Ele deve exercer influência nos caminhos da empresa e também ser influenciado por ela e pelas comunidades. Deve assumir o papel de um canal natural de interação entre as comunidades dos territórios nos quais atuamos e a Galvani.
Diretriz 2 – Reconhecimento
Essa diretriz incorpora o reconhecimento do Instituto nas comunidades nas quais atuamos e no ecossistema de impacto como um todo, com os atores do Terceiro Setor e do Dois e Meio, por exemplo. Queremos nos fixar como uma referência no desenvolvimento comunitário e na terapia comunitária. Para isso, temos que sistematizar nossa metodologia, trabalhar a ferramenta da Teoria de Mudança e desenvolver seus indicadores e testar novos modelos de investimento social, entre outras ações.
Diretriz 3 – Sustentabilidade do Instituto
Vamos buscar e ampliar o aporte de recursos financeiros de outras procedências além dos da mantenedora. Esses recursos vão ajudar a não só suportar a estratégia do Instituto e manter o trabalho que estamos fazendo, mas ampliar o impacto das nossas ações.
2003-2020 – A bagagem do Instituto Lina Galvani
Esses primeiros 15 anos são a base para as mudanças que queremos fazer e ampliar. Os grandes ensinamentos dessa trajetória foram aprender a construir parcerias, trabalhar em rede, estabelecer alianças com vários setores da sociedade, como outras associações e empresas. Trabalhar dessa maneira, criando vínculos para o desenvolvimento comunitário, foi nosso principal ganho desses 15 anos e é o maior legado que vai dar base para continuarmos trabalhando.
27 de abril de 2018 at 9:52
Toda minha vida conheci a família Galvani e sempre admirei a postura de todos seus membros!
Abrindo esse post sobre a organização Dona Lina Galvani fiquei mais admirada e surpresa por tantos trabalhos realizados!
Parabéns Cecília e parabéns a todos aqueles que contribuem para essa grande empreitada!