Água e internet. O que esses itens têm em comum? Em Angico do Dias, muito. Eles representam duas recentes conquistas da Associação de Moradores (AMPARE) e da Rede Social, mobilizações comunitárias que mapearam as principais necessidades do povoado e estão buscando formas de saná-las.

Em maio, a colocação de placas marcou o encerramento da instalação de 53 cisternas na comunidade, um projeto elaborado pela AMPARE com o apoio do Instituto Lina Galvani e encampado pela CAR (Companhia de Desenvolvimento Ação Regional). “Cada uma delas foi entregue com 8.000 litros de água e permite o aproveitamento dos recursos hídricos da região pela captação e armazenamento da água da chuva”, diz José Dionísio Filho, representante do ILG em Angico dos Dias.

É uma conquista e tanto: com as novas cisternas, 93% das famílias da comunidade têm água potável em casa. “Vai ajudar muito porque passei quase nove anos pedindo água na casa do meu sogro ou de outro vizinho. Agora, teremos água até em tempo de seca e poderemos usar nosso tempo para outras coisas”, diz Salvador Rocha, morador de Angico que recebeu uma das cisternas.

Cisterna instalada em Angico - mai/2013

CONECTADOS NA REDE

A outra novidade agradou principalmente aos jovens: a inauguração de uma lan house em Angico. Com quatro computadores, ela é uma alternativa para pesquisas escolares na internet, adesão às redes sociais, lazer e, inclusive, para tornar mais prática e econômica a comunicação dos moradores com parentes que vivem em outras cidades e estados do Brasil.

A chegada da lan house fortalece o projeto de inclusão digital da comunidade. O isolamento tecnológico foi uma das principais necessidades identificadas pela Rede Social que, para pensar em soluções práticas para essa deficiência, criou o Grupo de Inclusão Digital.

Em 2012, o primeiro reflexo da demanda levantada pela Rede foi a inauguração de uma filial da escola de informática C.A.L. Center. “Só nas primeiras turmas, foram mais de 80 alunos, confirmando o grande interesse que havíamos observado nas pesquisas”, diz Solimar Pereira da Costa, coordenadora do Grupo de Inclusão Digital.

O próximo passo do Grupo foi buscar alternativas para viabilizar o acesso à internet ao público em geral. “Apresentamos uma proposta para o dono de uma lan house em Campo Alegre, que topou abrir uma em Angico também. E tem sido um sucesso!”, diz Solimar.

A etapa seguinte é ainda mais inclusiva. Está em andamento a criação de um telecentro na comunidade, com internet e cursos de informática gratuitos para a população. “O local já foi escolhido e reformado e o treinamento de pessoal realizado”, adianta Solimar. Ainda não há data para o telecentro entrar em funcionamento, mas a expectativa é que, em breve, os jovens de Angico possam estar ainda mais conectados à rede mundial de computadores.

Lan house inaugurada no povoado - mai/2013