Sentados em círculo, todos os participantes ganham voz e vez para expor suas opiniões, questionamentos, elogios e impressões. Democráticas e participativas, as Rodas de Conversa são uma ferramenta essencial no trabalho que o Instituto Lina Galvani realiza nas comunidades. “A ideia é termos um momento para avaliar em conjunto o andamento dos projetos e das ações e fazer uma importante reflexão sobre a prática”, diz Cecília Galvani, diretora Executiva do Instituto.

Recentemente, realizamos Rodas de Conversa nas comunidades nas quais atuamos para avaliar as ações de 2017. “Além de dar uma panorama sobre nossos indicativos, como Participação e Diálogo e Ampliação de Território, esses encontros acabam levantando oportunidades de melhorias e investimentos e solidificam alguns avanços, o que é importante para continuarmos motivados e buscando o desenvolvimento dos territórios”, diz Cecília.

Confira a seguir os principais destaques das Rodas de Conversa realizadas, os desafios apresentados e o depoimento de alguns participantes:

CAMPO ALEGRE DE LOURDES, BAHIA

Destaques:

  • A participação dos moradores da região dos chamados Baixões, composta pelas comunidades de Baixão Grande, Baixãozinho e Baixão Novo, localidades incorporadas recentemente no portfólio de atuação do Instituto Lina Galvani. “É interessante observar o quanto o trabalho em Angico dos Dias, onde estamos presentes há mais tempo, suas lideranças e iniciativas inspiram e dão força para os moradores dos Baixões, injetando ânimo para seguirem em frente”, analisa Cecília.
  • As iniciativas desenvolvidas em Angico dos Dias, como a Rede Social, a horta comunitária Esperança, o mutirão de reconstrução da Praça São José e o grupo Diversão Não Tem Idade, entre outras, também inspiram outras localidades da região.
  • No quesito Participação, percebe-se um grande aprendizado pautado da intergeracionalidade, ou seja, a troca de conhecimentos entre pessoas de diferentes gerações.
  • Com relação à Ampliação e Inovação do Repertório Local, os moradores destacam ter mais consciência dos seus direitos e dos caminhos para alcançá-los.

Principal desafio:

A disseminação das informações sobre as iniciativas e as ações realizadas ainda é um desafio em Campo Alegre de Lourdes. “O projeto de Educomunicação é uma grande aposta, tanto nossa quanto das lideranças das comunidades, como uma ferramenta de divulgação. Começamos esse ano uma formação mais contínua nesse sentido e vamos dar continuidade em 2018”, diz Cecília.

LUÍS EDUARDO MAGALHÃES, BAHIA

Destaques:

  • No quesito Inovação e Ampliação de Repertório, os moradores revelaram que adquiriram novos conhecimentos a partir dos trabalhos realizados com o Instituto e têm consciência de que é um processo de desenvolvimento comunitário de médio a longo prazo.
  • Também ganhou destaque a conscientização das crianças em relação à reciclagem de lixo e aos cuidados com o meio ambiente.
  • A atuação recente do Instituto em ações de desenvolvimento comunitário no município contribuiu para a ampliação da participação dos moradores, criando em conjunto um entendimento sobre o território e despertando para a possibilidade de um diálogo intersetorial e criação de ações para a comunidade.
  • As capacitações que estão sendo realizadas para o projeto Ideias e Ações foram ressaltadas durante a Roda de Conversa como um importante mecanismo de aprendizado e ativação local.

Principal desafio:

A enorme diversidade e rotatividade de moradores, uma característica intrínseca dessa região tradicionalmente agrícola e em pleno desenvolvimento, ainda dificulta o engajamento das pessoas em projetos locais. “Para melhorarmos esse ponto, estamos mapeando como estratégia, que foi confirmada na Roda de Conversa, ter uma continuidade nas ações concretas, que, certamente, vão contagiar as pessoas à medida que revelam os benefícios que trazem para o município”, explica Cecília. Também contribuirá nesse sentido o uso das mídias digitais e dos grupos de Whatsapp para ajudar na comunicação, como sugerido pelos participantes, além da constância nas reuniões do grupo de mobilização formado em 2017.

Com a palavra: Iranildo Silva de Oliveira

“Foi muito gratificante participar da Roda de Conversa. Fiquei maravilhado com o que tem acontecido e as coisas que têm vindo em benefício da comunidade de Luís Eduardo Magalhães. É muito recompensador estar participando, ajudando de algum forma e também aprendendo com o conhecimento de todos, descobrindo novas ideias e tendo contato com mais pessoas diferentes. Sentimos que é importante a comunidade se organizar. A gente não pode amolecer, tem que estar empenhado e investindo nos projetos!”

SERRA DO SALITRE, MINAS GERAIS

Destaques:

  • Foi marcante da Roda de Conversa o orgulho dos participantes em poder contribuir efetivamente para a melhoria do bem comum por meio das ações realizadas durante em 2017.
  • Os projetos apoiados pelo edital Agenda de Futuro, capitaneado pelo Instituto, ganharam especial atenção nos depoimentos. É o caso do Pedalendo na Bicicloteca; do Conhecer para Preservar, que mapeou as cachoeiras do território; e da exposição Memórias de Setembro, organizada pelo comitê de mobilização, que recuperou a história das festividades tradicionais da localidade e foi vista por mais de mil pessoas.
  • Outro destaque levantando pelos participantes foi o projeto Comunidade de Aprendizagem, para a melhoria do ensino, que ganhou força e deve se transformar em uma política pública da Prefeitura de Serra do Salitre.

Principais desafios:

  • “Fomos incitados a estender esse olhar do território para outros distritos do município. Ao mesmo tempo que é um grande desafio, mostra que o que realizamos até aqui está tendo visibilidade”, diz Cecília.
  • Os projetos com apelo ambiental são muito importantes, principalmente porque é uma região de muitas cacheiras. Por conta disso, identificamos junto com os moradores que é necessário um envolvimento e empenho maior da comunidade para as questões ambientais. Para ultrapassar esse desafio, uma proposta levantada foi a criação de uma comissão para pensar sobre o meio ambiente e as ações de curto, médio e longo prazo.


Com a palavra: Bernadete de Lourdes Ávila Furtado

“Nós estamos fazendo tudo coletivamente, participando dos projetos, unindo a comunidade, então é importante ter esse momento de conversa para que todos saibam o que está passando e a intenção dos projetos. É bom porque todo mundo tem liberdade de dar a sua opinião, falar o que foi bom e o que é preciso melhorar, ajudar a planejar o futuro. Toda a experiência que tivemos até aqui é válida porque serve para fazer uma coisa melhor nos próximos projetos.”