Rodrigo Rasga é diretor financeiro, administrativo e de controladoria da Interagrícola, trading multinacional, líder na negociação das commodities café e algodão, que tem atuação expressiva no oeste baiano e é uma das grandes parceiras do Parque Fioravante Galvani. Nesta entrevista, Rodrigo fala da importância de iniciativas como a do ILG com a criação do Parque, da maneira como trabalham internamente essa parceria e do desejo de que ela seja eterna.  

1)      Fale um pouco sobre a parceria PFG e Interagrícola.

Começou em 2007, em uma visita que eu fiz ao PFG e senti que a sua concepção batia com nossos ideias de sustentabilidade. E como nós temos um viés muito grande pelo social, vimos no Parque uma grande possibilidade de aliar interesses pelo lado ambiental, tanto na fauna, quanto na flora.

2)      Comente a experiência de ser o parceiro mantenedor da espécie Ararajuba, ameaçada de extinção e poder ver estes animais se reproduzirem no Parque.

A gente começou na fauna, adotando um dos animais sugeridos, a ararajuba.  Optamos por esta espécie em reunião de comitê, ficamos no final entre o lobo-guará e a ararajuba. E como um dos nossos VP é amante de aves e essa ave ter as cores do Brasil, nós decidimos aliar a nossa imagem com algo que lembrasse o país e então elegemos a ararajuba como nosso mascote no reino animal. Promovemos uma campanha para dar nome ao casal que foi trazido para o Parque e quando nasceu a primeira cria, um casal de filhotes, tivemos um segundo movimento interno para também darmos batizá-los, o que foi muito motivacional dentro da nossa empresa.

Ararajubas e o seu recinto no PFG - set/2009

3)      Já está sabendo que nasceram mais duas ararajubas no final do ano passado?

Não. Já são 6? A família está crescendo. Podemos pensar em fazer algum tipo de intercâmbio, alguma doação para outro parque ou criadouro. Tem que trazer sangue novo e levar esse sangue para outro canto, para que a gente efetivamente crie uma população de ararajubas com saúde, sem problema de consangüinidade e que resistam à vida fora do cativeiro. Ainda estamos um pouco distantes disso por causa do abuso que foi feito ao meio ambiente. Esse é o próximo desafio do Parque e a gente estará junto.

4)      Comente a parceria para o Viveiro de Mudas. Porque escolheram a espécie ipê amarelo? Quantas mudas foram plantadas?

No ano 2009/2010, abraçamos um projeto na parte vegetal, o patrocínio de 5000 mudas de ipê amarelo do Cerrado, plantadas por crianças da região de LEM. E a gente adota essa árvore como nosso mascote vegetal. Também novamente pelas cores, a beleza da árvore e a sua força. É uma árvore muito sofrida pelas queimadas naturais do Cerrado e tem uma beleza esplendorosa quando dá florada, é uma explosão de cores, principalmente o amarelo, que realça no cenário cinza na época das secas e no cenário verde, na época das chuvas.

E sempre que possível, nós colaboramos com iniciativas nesse âmbito social e ambiental do ILG, especialmente no Parque.

Ipê Amarelo do Cerrado

5)      Na sua opinião, qual a importância do trabalho do PFG?

Eu adoraria que tivessem mais grupos, como o Grupo Galvani, com ideias tão reais e eficazes de proteção à fauna e à flora daquele bioma. Se tivessem mais organizações com esses objetivos, a gente poderia ter em outros lugares do Brasil mais empresas colaborando para a preservação da natureza. Nós faremos de tudo para sermos parceiros do Parque de longo prazo, não somente em ações isoladas, mas ser um mantenedor. Para sempre. Se o infinito existir, será até o infinito.

6)      Você acha que é possível conciliar a atividade agropecuária e a preservação ambiental?

Sem dúvida. A sustentabilidade faz parte da missão do nosso grupo, ou seja, o que é socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável. Se a gente, nessa parceria, conseguir conciliar tudo isso, muito mais empresas, não só a nossa, irão se aliar a ideias como a do PFG.

7)      Você acha que esse tipo de parceria ajuda a desmistificar a fama do agronegócio de vilão do meio ambiente?

Sim. Iniciativas como essa contra-atacam ou balanceiam ações daqueles que prejudicam o meio-ambiente e não se preocupam com o futuro. Se não cuidarmos agora, não teremos futuro. Essa consciência a nossa empresa tem. Nossas ações são de conscientização dos funcionários e de suas famílias, através de algumas campanhas. Crianças fazendo desenhos, os filhos dos funcionários na faixa da adolescência fazendo trabalhos escolares, funcionários fazendo fotografias e seus pais, quer dizer, o meu pai e a minha mãe, fazendo artesanatos, todos envolvendo o ipê amarelo do cerrado. Essa é a campanha que vamos soltar agora, em 2011, tentando trazer o funcionário e sua família pra dentro desta ideia. Vamos premiar desde a criança até o seu vovô ou vovó. Tudo para trazer a conscientização e o alinhamento de esforços para ajudar o planeta.

8)      Você acredita então que esse tipo de iniciativa agrega valor ao seu negócio?

Sem dúvida. É um bom caminho. Tem também um projeto que tenho estudado com a prefeitura de LEM, que ainda está embrionário, chama-se “Florestas Eternas”. Estamos vendo como efetivamente colocá-lo em prática. Trata-se de seduzir, conquistar a boa vontade de alguns produtores da região de cederem áreas de suas propriedades, onde nós, em comunidades ou grupos de funcionários, iríamos plantar árvores daquele bioma. A gente reconstruiria nessas áreas o bioma original, e esse produtor se comprometeria a nunca desmatar essas árvores, seria um compromisso muito mais moral do que algo formal. Por isso que são florestas eternas, literalmente, ninguém mexe lá! Existe um desequilíbrio florestal no município de LEM. A legislação permite que você plante num lugar e tenha suas reservas legais em um outro. Então isso faz com que, obviamente por uma questão econômica, a parte produtiva fique nas áreas onde haja mais chuva, perto do paredão, e se afastando do paredão é onde estariam essas outras áreas. Isso cria principalmente um desequilíbrio da fauna, os animais acabam tendo que correr para um outro canto do município. Os animais ficam sem as florestas para se alimentarem e se protegerem. E o projeto das florestas eternas gradativamente traria de volta os animais que fugiram.

9)      Quais expectativas vocês tem com essa parceria para o ano de 2011?

Estamos felizes com essa nossa ação de estar colaborando na manutenção dessa fantástica ideia da família Galvani e pretendemos nos eternizar neste apoio, porque esse é o caminho. Principalmente na conscientização dos jovens, que é outra vertente muito bem abordada pelo Parque: a conscientização das crianças que um dia serão adultos e que saberão que não podem fazer mal ao meio ambiente. E é assim que a gente conserta o Brasil, pela educação.