Nos seus anos de atuação, o Instituto Lina Galvani já impactou positivamente a vida de milhares de jovens e crianças de alguma forma. Durante essa caminhada de 15 anos, formamos profissionais de gastronomia no Cozinheiro Cidadão, mesclamos diversão e informação em projetos como o Rua Viva! e as contações de histórias, capacitamos moradores em iniciativas de geração de renda, trabalhamos a educação ambiental em visitas guiadas ao Parque Vida Cerrado, entre outras tantas atividades realizadas ao longo de nossa história. Recentemente, as oficinas de Educomunicação levaram conhecimento a estudantes de três territórios nos quais atuamos: Serra do Salitre (MG), Campo Alegre de Lourdes (BA) e Luís Eduardo Magalhães (BH). Laís Pereira da Silva Cruz, de 18 anos, foi um deles, no município mineiro. Na conversa especial desse mês, representando todas as crianças e jovens impactados pelos trabalhos do Instituto, ela nos conta como foram as oficinas e o que significaram:

OFICINAS DE EDUCOMUNICAÇÃO

Foram muito interessantes! Eu tinha muita vergonha de falar em público e as oficinas me ajudaram muito a mudar isso. Mas, principalmente, também vi que a Educomunicação pode ser uma forma de colaborar com a comunidade. A gente sempre fica pensando que é difícil ajudar a sociedade, porém, depois da oficina, percebi que todo mundo pode dar sua contribuição.

A parte mais interessante é o fato de participar de todo o processo: escolher um tema, ter a ideia, pesquisar, juntar todas as informações e ver o material pronto. É muito gratificante ver tudo concluído! Até aquele momento, não sabia que tinha essa capacidade de realização. Então, quando você pega o material na gráfica, vê tudo pronto e pode dizer ‘eu que fiz’, é muito satisfatório! Foi assim com o fanzine, a fotonovela e o jornal que produzimos nas oficinas.

PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS

Acho que para todos faltava em Serra do Salitre uma oportunidade como essa. Até tínhamos na escola um jornal, mas numa linguagem muito séria que não despertava o interesse dos estudantes. Na fabricação dos três materiais, procuramos voltá-los para os jovens, em uma linguagem própria para eles. O fanzine, por exemplo, é colorido, chama a atenção e teve uma repercussão muito grande. Entregamos na escola e todos gostaram, leram e comentaram sobre o material e os temas. Sinto que conseguimos atingir os estudantes de alguma maneira e mudar sua percepção sobre determinados assuntos.

Laís, à direita, durante a 3ª Oficina de Educomunicação

No fanzine, por exemplo, usamos temas da região, como o empoderamento feminino. Em Serra, há o fato de ter muitos homens que vêm trabalhar na região por conta das grandes empresas. Essa realidade traz questões como o machismo. Com os materiais, conseguimos ampliar nossa visão relacionada a assuntos como esse. Porque costumamos ver uma história apenas por um lado e, com a oficina, descobri que cada história tem vários lados. Aprendi a analisar todos os ângulos antes de falar e julgar.

EMPODERAMENTO FEMININO

A questão do empoderamento feminino foi a mais comentada! Acredito que porque hoje, em pleno século 21, ainda há muitas mulheres que acham que determinadas coisas acontecem por culpa delas e se sentem culpadas. O fanzine foi uma forma que achamos para falar desses temas e mostrar que o julgamento não deve cair sempre sobre a mulher.

EDUCOMUNICAÇÃO AMPLIA A FORMA DE VER OS FATOS

Há a notícia por traz da notícia. Às vezes, vemos uma reportagem no jornal e já começamos a discutir e compartilhar. Porém, aquela é apenas a visão de uma pessoa. Não sabemos como seria a mesma história no olhar de outra pessoa. É importante fazer essa reflexão. Nas oficinas, inclusive, realizamos uma atividade que tratava justamente sobre as várias visões que um mesmo acontecimento pode ter. No meu caso, por exemplo, penso em continuar a estudar e até fazer um curso mais aprofundado sobre Educomunicação, pois vi que é uma forma interessante de colaborar com a comunidade. Além disso, eu sempre quis fazer Direito, mas tinha dúvidas sobre esse caminho. As oficinas só vieram reforçar minha vontade, porque vi que também é uma forma de ajudar as pessoas!