Bárbara Andrade Guimarães*

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Introdução

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão sobre a relação entre associações de moradores – ou associações de bairro, como também são chamadas – institutos empresariais e empresas, no contexto atual.

Origem das Associações de Moradores

Historicamente as associações de moradores têm sido fundadas com o objetivo de solucionar problemas como a falta de moradia ou a falta de infraestrutura básica. Conforme esclarece Evers (1982, p. 132)

Na maior parte dos casos trata-se de garantir a própria moradia: as organizações de bairro surgem com a finalidade de realizar ocupações coletivas de terrenos, ou seja: antes da formação do próprio bairro, ou para defender os terrenos ocupados contra o perigo de expulsão ou demolição. Também podem ser outros os problemas, que a partir de certo ponto são sentidos como insuportáveis pela maioria dos habitantes (falta de luz, água, transporte, poluição, etc.) As primeiras estruturas organizativas nascem, literalmente, da necessidade.

Atuação das Associações de Moradores hoje

Porém, nos dias de hoje, o que se percebe é que a atuação das associações de moradores tem se ampliado, não se restringindo a um papel reivindicador de condições mínimas de moradia e infraestrutura, junto ao poder público (GOHN, 2013).

Observa-se, que estas organizações sociais têm atuado como importantes atores que, em parceria com o setor privado, o terceiro setor, poder público e comunidade têm contribuído para o desenvolvimento de ações de promoção de cultura, saúde, meio ambiente, educação e geração de renda. Portanto, muito mais do que apenas ações reivindicativas, as associações de moradores atuam de forma propositiva, como, por exemplo, no desenvolvimento de projetos sociais.

Desta forma, cada vez mais, as empresas, por meio de seus institutos empresarias, têm se unido às associações de moradores para promover ações voltadas para o desenvolvimento comunitário. Assim, agrega-se a experiência do trabalho comunitário, o conhecimento do histórico e o vínculo com a comunidade adquiridos pelas associações de moradores aos novos métodos e conhecimentos de gestão e avaliação advindos dos institutos e empresas. Desta maneira, o trabalho tende a ser feito a partir de uma compreensão mais ampla da comunidade e de estratégias de ação mais consistentes.  Constata-se, portanto, que estas associações têm atuado como importantes elos de vinculação e aproximação dos institutos empresariais e empresas com as comunidades nas quais atuam.

Experiência ILG/ GALVANI /AMBAP

A atuação do Instituto Lina Galvani, no município de Paulínia, região metropolitana de São Paulo apresenta um exemplo deste tipo de parceria.  O Instituto e a Galvani são parceiros da AMBAP – Associação de Moradores do Bairro Betel e Alvorada Parque, localizada no Bairro de Betel, onde está situada uma das unidades da empresa Galvani.

Destaca-se, neste caso que, o trabalho não se resume ao investimento financeiro em projetos sociais desenvolvidos pela Associação, mas, alinhadas às premissas do ILG, são desenvolvidas ações de fortalecimento organizacional da AMBAP com o objetivo de que ela possa atuar de forma mais profissional e com melhores resultados. Assim, fortalecendo esta instância participativa, o ILG contribui para a promoção do desenvolvimento e da autonomia da comunidade de Betel.

Esta parceria mostra a viabilidade da construção de uma relação duradoura e as inúmeras possibilidades de ações e projetos a serem desenvolvidos conjuntamente por estes atores.

Participando deste trabalho como consultora da AMBAP, é possível perceber as importantes atuações realizadas em conjunto, entre o Instituto Lina Galvani, a empresa Galvani e a AMBAP.   Dentre elas, o desenvolvimento do Projeto Viva Betel que supre uma carência do bairro de espaços coletivos e gratuitos de atividades de cultura e lazer para crianças e jovens. O projeto portanto, é desenvolvido pela AMBAP e conta com a parceria tanto do ILG, quanto da empresa Galvani.

Considerações Finais

As Associações de Moradores, presentes nas comunidades onde as empresas estão localizadas, são uma grande potencialidade, podendo funcionar como importantes aliadas das empresas no desenvolvimento de ações de responsabilidade social junto à comunidade. Assim como mostra a parceria entre ILG, Galvani e AMBAP, é possível criar uma relação de construção conjunta gerando importantes retornos para todos.

Constata-se ainda, que o investimento no fortalecimento e estímulo às estas organizações sociais realizado pelos institutos empresariais e empresas se constitui, em uma estratégia eficaz de promoção do desenvolvimento comunitário.

*Barbara Andrade Guimarães é graduada em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, possui especialização em Análise Institucional, Clínica de Grupos, Organizações e Redes Sociais e formação em Psicanálise.  Atua na área social como consultora, atendendo empresas e institutos empresariais.