Cerca de 40 pessoas de comunidades rurais de Luis Eduardo Magalhães se reuniram no dia 28 de março no Parque Fioravante Galvani para aprender sobre técnicas de beneficiamento e armazenamento de sementes nativas do Cerrado. O treinamento foi dado para os integrantes da Rede Coletora de Sementes, fomentada pela Campanha LEM APP 100% Legal.

Membros da rede durante o curso - março/2012

O treinamento para os integrantes da Rede Coletora definiu regras para a entrada e saída de coletores e para os preços de sementes a serem pagos, que vão variar principalmente pelo tipo, disponibilidade no meio ambiente e pela demanda para o plantio das sementes. O grupo recebeu, durante o encontro, um material informativo para identificar, beneficiar e armazenar sementes de 56 espécies do Cerrado, principalmente as mais resistentes e fáceis de serem encontradas na natureza.

As sementes serão destinadas à restauração de Áreas de Preservação Permanente com plantio mecanizado, utilizando-se a técnica de muvuca, que consiste na mistura de sementes nativas e sementes agrícolas, plantadas por maquinário agrícola. A técnica reduz os custos da restauração, se comparados ao plantio manual de mudas, e demanda cerca de 300 mil sementes por hectare.  Poderão ter suas áreas restauradas os proprietários rurais que aderirem e se cadastrarem na Campanha LEM APP 100% Legal.

Segundo o coordenador de socioeconomia da Conservação Internacional (CI-Brasil), Fernando Ribeiro, o treinamento também foi um momento de integração entre as comunidades para consolidar a Rede Coletora. “É preciso manter esse grupo mobilizado e interessado na continuidade da coleta”, complementa.

É o caso do pequeno agricultor Firmino Silva Rocha, morador da Vila II do Assentamento Rio de Ondas, que apóia a Rede Coletora de Sementes, principalmente por saber que essas sementes estão sendo utilizadas para proteger o Cerrado. “Embora seja uma forma de aumentar renda, é importante participar de um projeto que vai ajudar o nosso meio ambiente”, afirma.

Rosa Maria Schwanke, que coordena as atividades de artesanato na Vila II do Assentamento Rio de Ondas, está bastante entusiasmada com a iniciativa da Rede, que propicia aos moradores estabelecerem uma nova relação com o Cerrado local. “Agora eles começam a se preocupar mais com a mata. Ao invés de cortar as árvores, eles sabem que precisam daquelas sementes para gerar uma renda extra e vão até mesmo proteger a mata nativa contra o fogo”, afirma.

Na opinião da secretária de meio ambiente de Luis Eduardo Magalhães, Fernanda Aguiar, esta mudança de comportamento mostra a força da Rede Coletora de Sementes, que conseguiu unir a gestão econômica e ecológica. “Essas ações são mais rápidas e duradouras e as pessoas passam a ver o meio ambiente como uma renda extra e a protegê-lo”. Até o momento os coletores já foram remunerados em duas oportunidades, sedo a verba financiada pelo Fundo Municipal de Meio Ambiente de Luis Eduardo Magalhães.