José Carlos Paganotti, mora em Betel desde 97, é casado, tem 3 filhas e trabalha na Brasil Carbono, uma das empresas do grupo Petrobrás. À frente da Associação de Moradores de Betel e Alvorada Parque (AMBAP) há um ano, ele fala de seus desafios, conquistas e expectativas.

Antes de ser presidente AMBAP, você já havia se envolvido com alguma ação na comunidade?
Desde que surgiu a Associação, de forma direta ou indireta, eu sempre ajudei. Betel era muito esquecido pelo governo municipal, não tinha nada aqui, era tudo sítio. Já existia um grupo se mobilizando, mas nada oficial. Então foi formada a AMBAP, que hoje é a única dentro dos padrões da legalidade em Betel. Mesmo em Paulínia, tem algumas associações em outros bairros, mas nada comparado à nossa. O grupo que aqui está hoje, nunca deixou de participar, ou como membro da diretoria ou como voluntário. 

Como se tornou Presidente da AMBAP?
A Sueli já estava a frente da Associação por dois mandatos e surgiu a necessidade de outra pessoa ficar mais a par do que estava acontecendo. Então com o intuito de dividir um pouco as tarefas, surgiu a oportunidade. 

Quais os maiores desafios que você tem enfrentado?
A luta sempre foi muito grande. Nós não tínhamos um lugar adequado para nossos projetos. Era um local cedido por uma pessoa que se sensibilizou com a nossa causa. Então, o desafio foi buscar recursos para conseguirmos desenvolver as atividades da forma como mereciam. Batalhamos e atraímos muitas empresas parceiras que hoje reconhecem o nosso trabalho, dão a credibilidade.
Mesmo assim sempre tem desafios. Por exemplo, semana que vem as crianças do karatê vão participar de um campeonato. Fizemos um ofício para conseguir lanche e ônibus da Prefeitura, mas veio a resposta de que não vão poder nos atender dessa vez. Teremos que buscar uma saída para isso. E todo dia é um desafio desse tipo.
Hoje, o maior deles é conseguir voluntários para ajudar, porque o pessoal quer as coisas, mas não vem até nós pra saber se precisamos de ajuda. Muitas vezes, uma ou duas horas por semana que a pessoa se dispõe a ajudar a comunidade já é uma boa ajuda.

E quais as maiores conquistas?
A nova sede é uma delas, porque ela nos dá a oportunidade de viabilizar outros projetos. É um ambiente bom, agradável, bacana e acabamos tendo mais credibilidade. Ter conseguido esse espaço e mantê-lo com parceiros é um grande feito.
A aprovação do projeto de construção de um espaço no bairro também foi bacana, mas a gente sabe que tem bastante trabalho ainda a ser feito. Por isso que, a meu ver, falta mais participação da comunidade, porque não é pra mim, e sim pra todo mundo. Deveria ser uma luta participativa e não é. E é esse o desafio que temos pela frente, de trazer as pessoas para o grupo, para a Associação, pra fazermos valer esse sonho de ter um ginásio que não temos.

Como você enxerga a parceria do ILG com a Associação?
A parceria com o Instituto foi uma benção. A própria Galvani já está com a gente há bastante tempo, depois passou para o ILG, e a gente tem todo o respaldo. Depois de 5 anos, acredito que alinhamos os objetivos, as metas. Hoje eu falaria que a coisa está mais engrenada. Nós estamos muito satisfeitos com a parceria, por estar nos atendendo em tudo que a gente precisa. Agora vai ter o patrocínio da Galvani, com quimonos, exames médicos, material de divulgação, etc. O próximo campeonato com certeza teremos mais visibilidade e é isso também que atrai o interesse de outros parceiros.

Como você vê a Associação e o bairro daqui a 5 anos? �
Eu acredito que hoje, o pessoal enxerga o bairro diferente. Como Betel é afastado, tinha aquela ideia de marginalizado, com relação a infraestrutura e tudo mais. Mas, hoje temos a creche sendo construída, a mudança da escola que queremos fazer e muito mais. São projetos, mas que serão uma realidade. E em relação a infraestrutura do bairro, só vai faltar o esgoto, que parece que também já está na pauta do governo. Então são conquistas, que para quem não conhece a Associação acha que já estava tudo programado, e na verdade não é assim. Tivemos que apelar para as autoridades, participar de conselhos. Mas, no geral, estou muito contente. Pelo pequeno número de pessoas que trabalha diretamente, estou satisfeito com o que a gente vem fazendo.

José Carlos, atrás e a esquerda, junto a outros membros da comunidade em uma ação de plantio de mudas no bairro - 2008