No final da década de 1980, o médico cearense Adalberto Barreto iniciou na comunidade carente de Pirambu, em Fortaleza, no Ceará, um processo de trabalho que daria origem à Teoria Comunitária Integrativa (TCI), instrumento que permite construir redes sociais solidárias e mobilizar recursos e competências tendo como foco os potenciais locais, a autonomia, a corresponsabilidade e o verdadeiro sentido de comunidade (confira mais sobre essa história na entrevista desse mês).

Não por acaso, a construção da metodologia que o Instituto Lina Galvani utiliza na sua atuação teve como alicerce a Terapia Comunitária. Os pilares da TCI, como o pensamento sistêmico, a teoria da comunicação, a antropologia cultural e a pedagogia de Paulo Freire, são direcionadores para todo o trabalho que desenvolvemos ao longo de nossa história. Suas etapas e bases teóricas conduzem os encontros que realizamos nas comunidades, as rodas de conversa, o diagnóstico participativo e outras ações.

“A Terapia Comunitária inspira a maneira como a gente enxerga a comunidade e se relaciona com ela, mostrando que não estamos ali para trazer uma solução pronta, mas orientar a descoberta de caminhos que estão na própria comunidade. Somos apenas um mediador para que o desenvolvimento floresça”, diz Cecília Galvani, diretora executiva do Instituto e também terapeuta comunitária.

Para mergulhar em todos os conceitos e práticas da TCI e aproximar ainda mais a equipe do Instituto da fonte principal da nossa metodologia, no início de julho foi realizado um workshop de Terapia Comunitária Integrativa. Ministrado pelas terapeutas Helenice Figueiredo e Regina Melo, do Movimento Integrado de Saúde Comunitária do Distrito Federal, a atividade contou com a participação de toda a equipe, além de Thaís Malta, monitora do Parque Fioravante Galvani, e Vinicius Precioso, sócio da Avesso Sustentabilidade e conselheiro administrativo do ILG.

Durante quatro dias, todos passaram por uma imersão completa no universo da Terapia Comunitária. E como foi essa experiência? Conversamos com alguns participantes para descobrir:

“Foi um grande encontro de sensibilização e integração de equipe, permitindo nos conhecer um pouco melhor. O workshop despertou o sentido de solidariedade e o pensar junto abre mais possibilidades. Entre o que aprendi, destaco o ensinamento de que precisamos escutar sem julgar e a valorização das contribuições interpessoais e institucionais.”
Thais Malta, assistente de Educação Ambiental do Parque Fioravante Galvani

“O workshop foi muito interessante. Na TCI, você encontra técnicas para melhorar a escuta das comunidades, como trabalhar a formação de uma rede de apoio mútuo e também como acolher as demandas que são trazidas pelo grupo. Mesmo não sendo uma ferramenta feita para trabalhar especificamente o desenvolvimento local, que é o foco do Instituto Lina Galvani, os princípios da metodologia podem ser usados nas reuniões com as comunidades. Acredito que as equipes que atuam no campo podem usar as técnicas ali aprendidas para se aproximar ainda mais das comunidades em que o Instituto atua.”
Vinicius Preciso, da Avesso Sustentabilidade e Conselheiro Administrativo do Instituto

“Gostei muito das vivências e de aprender como a Terapia Comunitária é aplicada nas comunidades. Para mim, que não executo uma função com contato direto com os moradores, foi uma forma de me sentir mais próxima desse trabalho local, conhecendo como conduzem as conversas e as maneiras que abrem espaço para as pessoas contarem os problemas, por exemplo. Me senti participando de uma atividade nas comunidades! Acho que o workshop trouxe mais comprometimento com o trabalho do outro, mais disposição em ajudar.”
Claudia Castilho, analista Administrativo Financeiro do Instituto

“A gente está até agora embevecida de alegria com o resultado! Foi um dos melhores trabalhos que realizamos, por conta da equipe que estava numa sintonia muito boa, aberta, acolhedora, curiosa e disposta a conhecer a metodologia. E como é característica da TCI ser uma via de mão dupla, também aprendemos muito com vocês. Foi uma troca de experiências muito bacana!”
Helenice Figueiredo, terapeuta comunitária, ministrante do workshop