Você acredita em tudo o que lê na internet? Compartilha notícias bombásticas pelo Whatsapp sem checar a veracidade? Vê no Jornal Nacional o que acontece no mundo, mas não sabe as novidades do seu bairro? Perguntas como essas foram o ponto de partida das oficinas de educomunicação que realizamos nos municípios de Campo Alegre de Lourdes, na Bahia, e Serra do Salitre, em Minas Gerais, entre abril e maio. O objetivo das questões: despertar o senso crítico dos participantes com relação aos meios de comunicação.
“Começamos com um diálogo sobre as mídias, analisando como ela propaga os fatos e ressaltando que uma mesma notícia pode ter vários olhares, de acordo com o transmissor da informação”, explica Isabela Rosa da Silva, que ministrou a oficina em Serra do Salitre – em Campo Alegre de Lourdes, a função ficou a cargo de Ana Clara Dumont. O passo seguinte foi entrar e cabeça no universo da educomunicação, técnica que propõe a construção de ecossistemas comunicativos, com a produção colaborativa de conteúdos utilizando diversas linguagens e instrumentos de expressão, arte e comunicação (saiba mais na entrevista que realizamos sobre o tema).
Durante os dias da oficina, os participantes aprenderam a fazer um fanzine. Utilizando folhas de papel, recortes de revistas e canetinhas, construíram um jornal alternativo com as notícias locais e temas que consideraram mais relevantes para levar à comunidade. “O fanzine é uma mídia fácil de fazer e de distribuir e comprova que podemos produzir informação e comunicar com o que temos à mão, fora que é um meio que impacta pelo visual e a criatividade”, diz Isabela.
“Eu me surpreendi muito, porque falaram que iria ser algo dinâmico, mas não imaginei que fosse tanto. Me senti numa roda de amigos, conversando com eles, e descobri que há muita gente que pensa como eu e que minha opinião tem valor!”, diz Ana Luisa Galiotti. Entre os temas que ela e seus colegas de Serra do Salitre colocaram no fanzine estiveram críticas sociais, como o respeito aos migrantes, os trabalhadores “invisíveis” na comunidade e o machismo. Mas o grupo também valorizou o que há de bom na cidade, como as belas cachoeiras e as plantações de café.
Em Campo Alegre de Lourdes, o fanzine produzido pelos participantes ressaltou as histórias e costumes da região, os princípios da educomunicação e notícias factuais locais, como a contratação de jovens aprendizes pela empresa Galvani. “Consideramos importante trazer os assuntos da comunidade, pois muitas crianças e adultos não conhecem a história da região e as belezas naturais que encontramos por aqui”, diz a professora Itamara dos Anjos Francisco Nunes, participante do encontro. “A oficina é um meio de promover uma interação maior e melhor com a comunidade”, completa.
A oficina de fanzine foi a primeira das três previstas no projeto de educomunicação que o Instituto Lina Galvani realiza nas duas localidades. No próximo encontro, os participantes vão trabalhar a informação por meio da fotonovela e das histórias em quadrinhos. Já na terceira oficina, a meta será criar um boletim de notícias diagramado no computador.
Veja o material produzido em Campo Alegre de Lourdes (BA) e Serra do Salitre (MG).
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