Os desafios nas comunidades nas quais atuamos são diversos. Cada localidade tem suas peculiaridades e os sonhos dos moradores também variam de acordo com a realidade dos territórios. Por conta disso, não há fórmula exata para trabalhar o desenvolvimento comunitário: é preciso estar aberto ao diálogo, atento aos anseios locais e, junto com a população e os principais atores regionais, estabelecer prioridades e formatar os projetos que serão desenvolvidos. Nessa edição do Frutos, contamos uma pouco mais sobre esse processo, do levantamento das principais necessidades à escolha das iniciativas alinhadas à metodologia e aos eixos de atuação do Instituto Lina Galvani:

A base de tudo

Nossa missão, visão, valores e eixos de atuação estão contemplados pelo modelo de gestão do Instituto e definem as principais frentes nas quais vamos atuar. Em 2016, redefinimos esses pontos, associando-os mais profundamente ao conceito de comunidades sustentáveis – sem perder o foco nos ensinamentos da matriarca Dona Lina Galvani, nossa inspiradora, como a equidade social e o respeito ao meio ambiente.

Nessa ocasião, também revisamos nossos eixos de atuação. “Analisamos o que fazemos melhor e as contribuições que queremos deixar nas comunidades. Entendemos que nossa metodologia de desenvolvimento comunitário atende a questões da Sociedade Civil, nosso principal eixo. Porém, também investimos na ampliação das capacidades do Poder Público, um ator de extrema relevância para o desenvolvimento das comunidades. Por isso, a Gestão Pública é nossa segunda frente”, explica Valéria Lapa, gerente de Relacionamento Institucional e Comunidades do Instituto.

Encontro de Diálogo em Serra do Salitre (MG), em fevereiro de 2017.

As diretrizes

Com base no modelo de gestão, a cada três anos definimos, junto ao Conselho Administrativo, as diretrizes do Instituto. Para o triênio 2018-2020, por exemplo, são quatro tópicos principais institucionais, que são transversais e valem para todos os territórios, além dos objetivos específicos para cada localidade. São essas diretrizes e os dois eixos de atuação (Sociedade Civil e Gestão Pública) a espinha dorsal que alinha os projetos que desenvolvemos.

O início de um projeto

O embrião dos projetos que serão tocados pelo Instituto Lina Galvani nasce desde os primeiros contatos com as comunidades. Faz parte de nossa metodologia elaborar o Marco Zero, etapa inicial do Diagnóstico Participativo. Em entrevistas com os moradores, identificamos as principais demandas do território, entre outros dados e características que vão nos ajudar a traçar a visão de futuro para a localidade e fazer o planejamento.

Diagnóstico Participativo com as comunidades de Baixãozinho, Baixão Grande e Baixão Novo, em Campo Alegre de Lourdes (BA), em 2017

“Com base nesse Diagnóstico, nas Rodas de Conversa que fazemos anualmente e na pesquisa qualitativa a cada dois anos, absorvemos quais são as principais necessidades e desenvolvemos os projetos”, diz Valéria. “Ou seja, a própria comunidade participa da escolha das prioridades e traz as ideias para tomarmos, conjuntamente, a decisão do que vai virar projeto ou não. É preciso estar sempre de ouvidos abertos às demandas locais!”, completa.

Execução compartilhada

Além de ser peça ativa do processo de decisão dos projetos, a comunidade também participa do aprimoramento e execução das iniciativas por meio dos encontros periódicos e durante dia a dia do relacionamento do Instituto com as comunidades ao longo do ano. A troca é constante, mas há dois marcos nesse processo. No Encontro de Diálogo, que apresenta os projetos anuais, os moradores expõem suas contribuições e críticas aos projetos. Nas Rodas de Avaliação, eles fazem um balanço do trabalho do Instituto e elencam os temas prioritários para o território naquele momento.

Roda de Conversa com as comunidades de Angico dos Dias, Baixãozinho, Baixão Novo e Baixão Grande, em Campo Alegre de Lourdes (BA)

“Por meio desses mecanismos, temos um diálogo de mão dupla: a gente traz ideias e projetos, mas a comunidade também levanta sugestões, críticas e avaliações. Dessa forma, gerenciamos todas as informações para seguir no caminho certo”, diz Valéria.