Quando você ouve a palavra “edital” logo vem à cabeça um calhamaço de papeis para serem preenchidos e uma série de termos complicados. O resultado: boas ideias ou projetos promissores acabam fora dos certames por dificuldades técnicas impostas. Por isso, o Instituto Lina Galvani decidiu ir na contramão desse sistema. Prestes a lançar um “edital” em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, começamos um trabalho de desmistificação do processo tornando-o simplificado e desburocratizado; capacitando a população para organizar, formular e apresentar seus projetos; e criando conexões entre as pessoas que estão desenvolvendo iniciativas interessantes para suas comunidades. Até o nome foi alterado para derrubar barreiras: Encontro Ideias e Ações é como chamamos o programa. Confira os principais diferenciais e etapas desse processo:

METODOLOGIA

“Trabalhamos com uma metodologia bem humanizada, na qual abordamos a questão do afeto, do relacionamento com o grupo, do olhar interno e externo. Conversamos sobre ideias de possíveis projetos, tanto individuais quanto da comunidade, desenvolvendo em paralelo o senso crítico e o pertencimento. Muitas vezes, a ideia que uma pessoa tem pode ser a de outras pessoas também, por isso é importante trabalhar o diálogo e as relações entre elas. E é isso que estamos fazendo: criando e facilitando essas pontes”, explica Rafael Art, analista de Projetos de Desenvolvimento Comunitário do Instituto.

CRIAÇÃO DE VÍNCULOS

Uma importante fase do Ideias e Ações é a de capacitação. Duas oficinas já foram realizadas e outras duas estão previstas para o final de novembro. Na primeira, denominada Sonhos para LEM, fizemos uma escuta aprofundada dos participantes, compreendendo sua realidade e desejos. Por meio de dinâmicas, trabalhamos a criação de vínculos entre eles e o reconhecimento da diversidade social e de ideias na comunidade, além das possíveis trocas que podem existir entre as pessoas da localidade. “Também pedimos para todos pensarem em conjunto os projetos que gostariam de realizar em seus bairros”, diz Rafael. O resultado: foram identificados uma série de projetos com grande sinergia entre eles. E o melhor: um capital social muito rico para desenvolvê-los.

“Surpreendente e necessário, pois, a gente precisa dar uma seriedade nas nossas ideias, saber que elas são possíveis, passando pela escrita, pelo verbo, pela ordem das ideias, pelo início, pelo meio, pelo fim e vocês estão passando essa segurança para a gente, de que é possível”, comenta Elina Loregatti, moradora do bairro Jardim das Acácias, que participou do encontro.

ESTRUTURAÇÃO DE PROJETOS

“A segunda oficina foi o momento de sair das nuvens e colocar o pé no chão para estabelecer o que é preciso para transformar o sonho em realidade”, diz Frederik Dejonghe, consultor especializado em inovação social que coordenou a capacitação junto com as consultoras Mariana Resegue e Luciana Bobadilha (confira a entrevista que fizemos com ele sobre essa experiência). Nessa etapa, os participantes puderam entender com mais profundidade os projetos e quais seus objetivos. Eles também foram desafiados a identificar atores – como empresas, organizações ou pessoas – que podem auxiliá-los nas suas iniciativas e a sair a campo para apresentar os projetos e receber opiniões, críticas e sugestões importantes para complementá-los. “Hoje foi o segundo dia de oficina e a gente pode perceber que são várias as necessidades das pessoas, desde de transporte, segurança, educação, até cultura e lazer. Nos podemos sentir que houve uma sensibilização em relação ao que o nosso bairro está precisando. Ficamos felizes em sermos ouvidos e felizes também com a possibilidade de modificar alguma coisa na comunidade”, comenta Raquel Wanderley, moradora do bairro Jardim das Acácias.

“Apresentamos também aos participantes os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para mostrar que existe esse movimento que é global, mas tem correlações com a sua localidade, o seu bairro. Isso ajuda a construir um repertório interessante para eles”, diz Rafael.

PRÓXIMOS PASSOS

Nas duas oficinas finais, os participantes irão aprender a comunicar da melhor forma suas iniciativas, aprofundar-se nos projetos e prepará-los, efetivamente, para a inscrição no Ideias e Ações. “No quarto encontro, daremos apoios individuais para todos os interessados em fazer a inscrição, ajudando no passo a passo para que tudo flua bem nessa etapa e ninguém fique de fora”, diz Frederik.

COMO VAI FUNCIONAR

O Ideias e Ações aceitará projetos em quatro frentes principais, definidas pela comunidade: cidadania; saúde; cultura e lazer; e educação. É imprescindível que o campo de aplicação das iniciativas seja nos bairros Jardim das Acácias, Jardim dos Ipês e Vereda Tropical, em Luís Eduardo Magalhães.

O Ideias e Ações deve ser lançado oficialmente em dezembro. Fique ligado em nossa página do Facebook para saber todas as novidades sobre as inscrições no programa e as bases para apresentar seu projeto!