Fernando Patrício Ribeiro é Coordenador de Socioeconomia do Programa Cerrado-Pantanal, da Conservação Internacional (CI), parceira do ILG e da Prefeitura Municipal de LEM na campanha “LEM APP 100% Legal”. Nesta entrevista fala sobre a formação de uma rede de coletores de sementes do cerrado baiano, iniciativa importante para a região e fundamental para o sucesso da campanha.

Como surgiu a ideia da formação de uma rede de coletores de sementes do cerrado baiano?
Foi uma ideia que a Fernanda, Secretária do Meio Ambiente de LEM já tinha em mente. Ela já tinha alguns trabalhos com a comunidade de reflorestamento e restauração de áreas degradadas, e quando conversamos, demonstrou a vontade de estabelecer um projeto concreto com as comunidades e que pudesse gerar renda para os assentamentos e as comunidades rurais. E a gente achou uma oportunidade super interessante para iniciar um projeto com a Prefeitura.

Qual será a função dessa rede na campanha “LEM APP 100% Legal” e futuramente para região?
A formação da rede na região é pioneira, não existem, hoje, outras redes de coletores de sementes no oeste da Bahia. É importante porque traz uma nova possibilidade de geração de renda, que não vem do extrativismo da madeira, mas da coleta de sementes. E essas sementes serão utilizadas pelo ILG, no Viveiro do Parque, para dar origem às mudas que serão utilizadas na restauração de áreas degradadas das propriedades de LEM e adjacentes que aderirem ao projeto.
Para o local, eu acho super importante. A gente não pensa, de modo algum, em fazer com que os coletores sejam dependes do ILG ou da Secretaria de Meio Ambiente, que é quem vai remunerar esse trabalho. Algumas pessoas e comunidades já tinham a prática da coleta, mas não eram remunerados por isso. Então, estamos jogando literalmente uma nova semente, uma nova oportunidade pra que eles possam futuramente andar sozinhos. Através do trabalho, possam gerar renda, vendendo para proprietários locais e instituições, e até entrar, futuramente, na produção de mudas.

Qual o principal fator para o sucesso da rede?
A transparência é sem dúvida o principal fator de sucesso. Porque essa prática é um mercado, e como todo mercado tem regras: demanda e oferta, ajustes de preços. Não pensamos em fazer com que a demanda seja exclusivamente nossa, em ditar os preços. É um processo de ajuste e reajuste de acordos e o mais importante nisso é a transparência. É saber que tem organizações como o Lina Galvani, a Secretaria de Meio Ambiente e a Conservação Internacional por trás, e que esse processo de transparência e diálogo é o que vai dar suporte e confiança necessários para a coesão da rede. Para que eles possam se fortalecer.
Tem outro fator importante. Muitas destas redes partem da capacitação dos coletores, mas depois não têm pra quem vender, não passaram pelo processo de construção de mercado. Por isso, estamos pensando na formação da rede a partir da demanda. O Parque e a Prefeitura é que inicialmente vão demandar, garantindo que as pessoas capacitadas tenham um mercado. Então, a semente será paga pela Secretaria, irá para o viveiro para a produção da muda, e em seguida para a propriedade. Assim, fecha-se um ciclo importante.

Qual a importância da estrutura, já existente do PFG, para o sucesso dessa campanha?
Quando a CI pensou nesta campanha, vimos no ILG uma grande oportunidade de desenvolvermos sua segunda fase, no Oeste da Bahia. Não só pela beleza do Parque, mas por sua estrutura, os profissionais que trabalham ali. A experiência do ILG traz a tranqüilidade para trabalharmos juntos. Acreditamos que é um pólo que vai conseguir consolidar as práticas de conservação e as práticas agrícolas, que tem estrutura para conseguir trazer a ideia que a CI tem para o local.

Como a CI enxerga a parceria com o ILG?

Antes de estabelecermos formalmente uma parceria, fizemos um trabalho de levantamento de algumas pessoas para a realização da oficina de ecologia da restauração, na UFBA, em Barreiras. Foi uma ação muito interessante, e lá a gente percebeu o profissionalismo do ILG e a presença que o Parque tem em Luís Eduardo, a referência que é na região. Acho que isso mostra o potencial que o projeto tem, por ser realizado pelo ILG e pelo PFG.

Saiba mais sobre o projeto “LEM APP 100% Legal”, aqui.