A ação de aproximação do ILG com os funcionários da Galvani continua e em setembro o ILG foi até Angico dos Dias para se aproximar do pessoal de lá e evidenciar a importância de cada um para a promoção do desenvolvimento comunitário. E novamente, tivemos grandes surpresas, nos deparamos com mais pessoas que já contribuem para o desenvolvimento de suas comunidades.  Solimar Pereira Costa e Edson Neves da Silva, de Angico, e Orlando de Souza e Jeferson Cavalieri, de Paulínia, falam sobre os projetos que participam ou desenvolvem. Inspire-se com eles!

Fale do trabalho que idealizou ou participa e de como você contribui para o projeto.

Solimar: Eu fui trabalhar no posto de saúde para cobrir uma colega que ia ter nenê e, no passar dos 4 meses fui notando que as pessoas iam lá não só por causa de doença, mas pra desabafar, estava com um problema e queria alguém para ouvi-la. Fui vendo que tinha muita gente que nem passava pelo médico, só comigo mesmo, na hora da triagem, ela conversava e depois falava “eu já estou bem”. Aí chegou a minha colega, que tinha um projeto de montar um grupo, mas não sabia como, e eu incentivei: vamos juntar o útil ao agradável, juntar essas pessoas e montar o grupo dos hipertensos e diabéticos. Fazemos uma caminhada, aproveitamos e vamos conversando, desabafando, falando dos problemas de cada um, vendo que tem outras pessoas que também têm. Assim, formou-se o grupo Viva Mais. Reunimos todo mundo no campo de futebol, às segundas, quartas e sextas, às 17 h. Formamos uma roda e cada um vai falando, como passou, se está sentindo alguma coisa, se está com algum problema e todo mundo se abre, uma roda de conversa, quase uma terapia comunitária. Antes de fazer caminhada, medimos a pressão dos diabéticos e hipertensos, fazemos um alongamento e vamos pra caminhada, conversando. Eu mesma saio de grupo em grupo, converso um pouquinho com um, um pouquinho com outro, tirando dúvidas. Outro dia, o médico falou que não vai atender mais o pessoal do grupo, porque passa o remédio e eles vem perguntar pra mim se pode, se é aquilo mesmo. Eu também vi que o médico, às vezes, por ser uma região grande e em Angico ele só vir um dia, não tem tempo de ficar ouvindo as pessoas, então, ele quer que chegue lá, fale o que está sentindo e ele passa uma receita e pronto. E eu percebi que as pessoas não estavam querendo só isso. Eu gosto de fazer esse serviço que eu estou fazendo, amo de paixão, amo a comunidade!

Solimar e outros voluntários do projeto Viva Mais

Edson: O projeto é da igreja Assembleia de Deus, que visa dar uma atividade para os jovens e adolescentes da sociedade que estão entrando cada vez mais cedo para a criminalidade e a prostituição. Tem uns levantamentos, principalmente na cidade de Caracol (PI), que a taxa de adolescentes grávidas e se prostituindo é a maior do Brasil. Então, a gente passa o dia, vai no lar de cada um, convida, escolhe um tema e discute pra eles. Sempre tem um tema central para edificar a vida deles. Mostramos que, apesar das dificuldades da região, tem sim um futuro que eles podem alcançar, basta querer, ir atrás, que nada cai do céu, temos que lutar. Queremos mostrar que existe uma saída, uma solução. Um dos temas que discutimos foi os jovens procurarem uma atividade no meio em que estão: “o que você pode fazer, onde você vive, para que não seja somente o lado das drogas, da bebida, do bar?” Além do tema, a gente usa a bíblia, com o exemplo de pessoas que passaram por dificuldades e venceram. O último foi mais focado para as crianças, para que elas obedeçam mais aos pais. O que acontece muito hoje é que, pelas informações que chegam pelos meios de comunicação, elas estão deixando de respeitar os pais. “Ah, meu filho não faz isso”, aí ele vê um programa que diz que o filho pode fazer o que quer. Então nós colocamos que respeitar os pais é um fundamento bíblico deixado por Deus. Aqui falta muita coisa, não tem uma quadra de esportes, nem nada, então os jovens não têm muito o que fazer, e acabam indo pras drogas, que estão entrando demais aqui na cidade. A gente fica vendo a decadência e tem que fazer alguma coisa, porque se não fizer, quem vai fazer?

Jeferson: Jogo basquete há 15 anos e esse esporte estava esquecido na nossa cidade (Cosmópolis). Eu e um amigo conseguimos um espaço da prefeitura, montamos a equipe e começou a vir bastante jovem. Para fazer qualquer tipo de esporte tem que ter um profissional habilitado, então fomos atrás de um professor de educação física que tinha passado num concurso, mobilizá-lo a fazer por vontade própria, não esperar a prefeitura contratar e tal e ele concordou, aos sábados ele ia lá e passava uns exercícios. Vimos que os exercícios estavam difíceis para as crianças, então montamos uma categoria infanto-juvenil. Fomos tentar um patrocinador e não foi fácil.  Tivemos a ideia de fazer marketing, a gente comprava faixa, pintava o nome do patrocinador e tirava foto. Também fomos atrás de um vereador pra colocar foto no jornal de graça pra ter retorno do patrocinador: em troca dele ajudar, pagando arbitragem, lanche, água, o comércio dele sairia no jornal. Hoje, continua com essas duas equipes, não precisamos mais de patrocínio, o prefeito contratou o professor, porque o projeto já tinha começado e tava tendo progresso. Foi da referência desse time adulto é que veio a molecada mais nova. Se os jovens de hoje tiverem referência, tanto dentro como fora de casa, talvez eles procurem o esporte e não as drogas. Uma vez por mês, jogamos em Cosmópolis para divulgar o basquete e a molecada está aumentando.
Uma coisa é você fazer parte e outra é você correr atrás do interesse. Já vão fazer 8 meses que estamos com esse projeto e o plano é colocar também o feminino, mas só no ano que vem. Tem que ir pé por pé, não pode ir com os dois de uma vez.

Orlando:
O Lar do Vovô Lico é uma clínica de repouso pra idoso. Já está com 1 ano e meio mais ou menos e fica em Hortolândia. Começou com a minha esposa, que é enfermeira. Ela trabalhava em uma casa de repouso, teve a ideia de montar a dela e hoje toma conta lá. Hoje deve ter uns 25 idosos internados.
Eu ajudo a minha esposa, no que precisar a gente socorre. Quando eu posso, eu já saio daqui (da Galvani) e vou direto pra lá. E fico até umas 7h, 8h da noite. Tem alguns que nem a família vai ver, acaba abandonando. Então, quando vai alguém lá, fazer um agrado, eles gostam, ficam alegres.

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