por Adriano Gambarini*
Recentemente voltei de uma fantástica viagem pelo interior mineiro. Uma viagem onde o tempo se tornou relativo, e em companhia de vários jovens da região da Serra do Salitre, pude vivenciar, nos gestos de cada um, o prazer da descoberta da fotografia.
Foram dois dias intensos de ensinamento e aprendizado sobre os conceitos básicos de fotografia, onde a minha proposta foi além de simplesmente ensinar a manejar uma câmera; quero que as pessoas tenham orgulho das próprias fotos, não se subestimem por acharem que a câmera determina o olhar, que percebam suas fotos como uma memorável vivencia visual a ser compartilhada. E para isto, é preciso reeducar o olhar, é preciso ser curioso e querer viver aquele momento para depois registrá-lo.
Enfim, uma proposta simples: realmente olhar o que está ao nosso redor, agora sob um filtro a mais: as técnicas, regras e “segredinhos” básicos que tornam a fotografia ainda mais mágica, simples imagens passíveis de emocionar tanta gente. E o que posso dizer é que aqueles jovens, filhos de uma geração onde o conhecimento está a um toque de teclado e as atrações virtuais parecem ser muito mais atraentes, se uniram num bem maior: olhar o mundo sob o espectro da luz, da sombra, do sorriso da criança, das rugas sábias dos idosos e das pedras que delinearam o rio. Vi pessoas miúdas deitarem no chão, pessoas caladas arriscarem a difícil arte do contraluz. Pessoas ansiosas se acalmarem nos rostos marcados, pessoas espalhafatosas respeitarem a humildade do simples.
Me senti honrado em compartilhar um pouco do que aprendi nestes anos todos de fotografia com estes jovens, e desejo realmente que isto fique marcado na vida de cada um.
* Fotógrafo desde 1992, com vasta experiência em documentação de expedições a regiões remotas. Autor de doze livros fotográficos e dois de poesia. É fotógrafo da National Geographic Brasil e documenta Planos de Manejo de Unidades de Conservação, Projetos de Estudo de Impacto Ambiental e Expedições Científicas de ONGs como WWF, CI, TNC, CENAP/ICMBio, Instituto Pró-Carnívoros e Terra Brasilis. Foi fotógrafo still de cinema para documentário na Discovery Channel no Brasil, França e Rússia, realizou coberturas jornalísticas on-line na Tailândia, Camboja, Laos, China e Quirguistão, é articulista do Blog da National Geographic Brasil e do site ambiental OECO.
24 de setembro de 2012 at 13:17
Muito legal o texto.
24 de setembro de 2012 at 13:34
Parabéns ao ILG e ao Adriano! Conheço o Adriano já há algum tempo e tive oportunidade de trabalhar com ele no desenvolvimento de algumas obras patrocinadas pela Galvani. Além de um fotógrafo experiente é uma pessoa muito simples e agradável!
olinda
25 de setembro de 2012 at 10:25
Nos que ficamos honrados por ter um proficional Renomado como você.Nos ensinou mostrando como podemos olhar o mundo de um ângulo,E com clique poderenos dá ficara marcado em nossa vidas.
Abraços Maurelio
27 de setembro de 2012 at 0:41
Fiquei muito encantada com o seu texto e sobretudo de vc ter proporcionado essa experiência as pessoas da minha terra. Sou Serralitrensse, mas moro em Brasília há mais de 30 anos, mas ainda mantenho muita ligação com minhas origens.