Nossa parceira nas oficinas de capacitação que serão realizadas nas comunidades de Angico dos Dias e dos Baixões (Baixão Grande, Baixãozinho e Baixão Novo), no município de Campo Alegre de Lourdes (BA), é a Impakktus, negócio social idealizado pela Ekantika, com a missão de ser ponte para promover mudanças de realidades e impacto positivo entre comunidades e organizações, por meio dos pilares de pessoas, conhecimento e engajamento. Para conhecer um pouco mais sobre sua metodologia e o trabalho que está sendo realizado no município baiano, conversamos com uma de suas criadoras, a consultora Petrina Santos:

Petrina 1Como é o trabalho que está sendo feito nas comunidades de Campo Alegre de Lourdes?
Ele é dividido em três frentes. A primeira é o desenvolvimento e o fortalecimento dos grupos socioprodutivos locais. Angico dos Dias já tem uma estrutura um pouco mais formada, com alguns grupos de geração de renda, então, o objetivo é trazer as capacitações técnicas de forma que os negócios de fato cresçam e possam gerar mais rendimentos, tanto para eles quanto para o ecossistema da cidade.
A outra frente é o edital. É uma premissa do Instituto Lina Galvani criar planos de saída, ou seja, preparar os grupos para eles andarem sozinhos e terem mais autonomia, tanto no poder de escolha da estratégia que querem realizar quanto na busca de outras alternativas para a sustentabilidade financeira das ideias. Tem ainda o trabalho de desenvolver o pertencimento àquela área e o olhar dos moradores sobre como podem contribuir para o desenvolvimento local. As oficinas têm o objetivo de cuidar desses grupos de forma personalizada, capacitá-los para que consigam ter a autonomia e o suporte necessários para escrever o próprio edital e os projetos participantes.
A terceira frente trata do fundo rotativo. É necessário estabelecer uma governança para direcionar as verbas provenientes das alternativas de financiamento que conseguirem, ou seja, uma forma de administrar coletivamente os recursos. Ainda estamos construindo isso com as comunidades, então não está definido o modelo que será adotado como, por exemplo, uma cooperativa ou uma associação.

Quais os pontos principais da etapa de capacitação?
Vamos atuar por três pilares. O primeiro trata de união, empatia, pessoas e impacto social. Vamos mostrar que, apesar de várias diferenças entre as comunidades, pode-se trazer uma narrativa histórica ressaltando as belezas e os pontos que elas têm em comum para, de fato, focarmos no que une e não no que diverge. Vamos trabalhar tanto a união entre as comunidades quanto entre os grupos.
O segundo pilar é o de gestão e operação. Ele coincide com a Feira de Exposição de Angico, uma ótima oportunidade para trabalhar as questões relacionadas à operação, ao projeto e questões financeiras, ou seja, desde o planejamento até noções de gestão e operacionais.
O terceiro pilar que vamos atuar foca na consolidação da governança e na comunicação. É o momento no qual vamos fechar como vai ser o fundo rotativo, o modelo de edital, o lançamento dessa iniciativa e a comunicação dos grupos.

I Ideias e Acoes (7)

Petrina realizando o I Encontro de Ideias e Ações com as comunidades de Angico dos Dias e Baixões, em Campo Alegre de Lourdes (BA)

Qual a importância da etapa inicial que foi realizada, do diagnóstico participativo?
Ele é importantíssimo, porque precisamos estar muito alinhados às expectativas de quem vai receber o programa. Muitas vezes, a gente deseja algo para uma comunidade que não é, realmente, o que ela quer ou necessita. Fizemos uma primeira viagem focada apenas nessa pesquisa, ouvindo os grupos e entendendo suas necessidades, o medos e as frustações envolvidas. Para mim, um objetivo dessa fase é, além de fazer um alinhamento estratégico da expectativa, entender as dores das pessoas que vivem ali e dos negócios socioprodutivos. Às vezes, o impacto social, a gestão, a governança e a comunicação se resolvem, mas o que temos que ter em mente como um norteador é como trabalhar, num período de tempo relativamente curto, tudo isso de forma profunda. Isso porque não adianta eu falar de um tema que a empreendedora que está ali não acredita que possa realizar.
Nas entrevistas prévias que realizamos, tentamos chegar nessa profundidade para entender os problemas-base, conhecer o repertório cultural e de vida dos moradores. Depois, durante as atividades, conseguiremos auxiliá-los melhor, tocar um pouco nessa dor e mostrar que é possível realizar. Nesse tipo de projeto que envolve a comunidade e os territórios é muito importante não fugir da crença da população local e das questões culturais que estão presentes.